Luanda | Correio Digital – sob intensa pressão comercial dos Estados Unidos, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) – Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait e Omã – estão a operar uma transformação estrutural sem precedentes nas suas economias. Com um investimento que pode ultrapassar os 3 triliões de dólares, segundo fontes oficiais norte-americanas e veículos como o Al-Monitor, os Estados do Golfo não apenas estão a responder, como estão a reformular o seu posicionamento económico global.
As iniciativas de diversificação económica, impulsionadas por megaprojectos em sectores como energia renovável, turismo, inteligência artificial e infra-estruturas de dados, marcam o novo posicionamento estratégico das monarquias petrolíferas. Estes países estão a abandonar gradualmente a dependência do petróleo bruto, promovendo uma matriz de crescimento assente em sectores sustentáveis e de alto valor tecnológico.
A arquitectura do novo Golfo: diplomacia económica e crescimento não Petrolífero
Durante a visita do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em Maio de 2025, foram anunciadas intenções de investimento de mais de 2 triliões de dólares em projectos estratégicos nos países do Golfo, com destaque para:
- Arábia Saudita: USD 600 mil milhões
- Emirados Árabes Unidos: USD 1,2 trilião
- Catar: USD 1,4 trilião
Apesar de muitos destes valores ainda estarem em fase de memorando de entendimento (MoU), sinalizam uma convergência de interesses económicos entre o Golfo e os EUA, mesmo em meio à aplicação da controversa tarifa de 10% sobre todas as importações, apelidada de “tarifa do Dia da Libertação”.
Projecções económicas: GCC cresce acima da média global
Segundo previsões do Banco Mundial, o CCG deverá crescer 3,2% em 2025 e 4,5% em 2026, superando a média global de 2,3% e 2,5%, respectivamente. As estimativas reflectem o sucesso de medidas estruturantes e a recuperação pós-recessão dos anos anteriores.
Desempenhos por País:
- Arábia Saudita: PIB petrolífero crescerá 6,7% (2026); PIB não petrolífero a 3,6% entre 2025–2027.
- EAU: Crescimento de 4,6% (2025) e 4,9% (2026–2027), com forte ênfase em sectores não petrolíferos.
- Catar: Expansão do GNL projeta crescimento de 6,5% (2026–2027).
- Bahrein: Estabilização a 3,5% graças à modernização da refinaria BAPCO.
- Kuwait: Recuperação moderada com 2,2% (2025) e reformas estruturais em curso.
- Omã: Crescimento acelerado até 4% (2027), impulsionado por indústria e serviços.
Análise Editorial: a nova ordem energética e o papel do Golfo
As economias do Golfo estão a preparar-se para um mundo pós-petróleo, com base num planeamento de longo prazo que alia modernização tecnológica à diplomacia económica. Os investimentos não são apenas uma resposta aos EUA; são uma afirmação de autonomia e liderança regional, com implicações para a geopolítica energética, o equilíbrio comercial e a integração digital.
O sucesso dessas estratégias servirá como laboratório global para outras economias dependentes de matérias-primas, incluindo Angola, que observa atentamente o realinhamento estrutural das monarquias do Golfo na sua busca por um modelo económico resiliente e sustentável.
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