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Informalidade “ataca” cartões de carregamento de carros eléctricos

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Indivíduos que dizem ser trabalhadores da Chinangol revendem recargas para pagar carregamentos de carros eléctricos e cobram o dobro do preço oficial. O cartão custa 6 mil Kz e 50% é revertido em saldo para abastecimento. Mas muitos preferem usar o cartão do “micheiro”.

Os automobilistas e proprietários de carros eléctricos que circulam em Luanda precisam de um cartão electrónico para carregar as suas viaturas e efectuar o pagamento da energia consumida. Até ao momento, a Chinangol é a única empresa em Angola a comercializar estes cartões e foi também a primeira operadora a possuir pontos de carregamento de carros eléctricos na capital do País.

Supostos trabalhadores, seguranças ou supervisores de pontos contratados pelos espaços onde a Chinangol detém postos de carregamento aproveitam-se dos automobilistas que não têm cartão e da escassez de postos de recarga para fazer um negócio extra: transportam vários cartões consigo e ficam na entrada dos postos para vender o serviço, cobrando uma taxa de 100% em relação ao preço oficial.

Ou seja, os preços oficiais dos pontos de carregamento variam entre os 500 Kz e os 1.200 Kz. Mas um automobilista que não tenha cartão ou que não tenha saldo deve comprar o cartão electrónico aos negociantes que normalmente ficam na entrada dos postos de carregamento. Se quiser carregar 1000 Kz paga o serviço, usando o cartão do “micheiro”, e depois vai reembolsá-lo com 2.000 Kz.

Os negociantes, quase sempre jovens ficam logo na entrada dos pontos de carregamento de viaturas e identificam-se como trabalhadores da Chinangol. É o caso de várias pessoas que no ponto de carregamento de viaturas da Marginal de Luanda. Por exemplo, Amadeu Jorge, nome fictício, revelou que factura o dobro do que investe no negócio, sendo que se carregar o cartão com 20 mil Kz, no final vai recolher 40 mil Kz, um lucro de 20 mil Kz. “Nós só tentamos ajudar. Muitos aparecem aqui para carregar, muitas vezes sem cartão e os que têm cartão, às vezes não têm saldo”, explica.

Um outro jovem que trabalha no posto do Kilamba, referiu que muitos automobilistas aplaudem este trabalho, porque ajuda a não se deslocarem até Viana, o único local onde se compra ou se carrega o cartão. “Imagine um carro que chega aqui no posto já com duas unidades no vermelho e o automobilista não tem saldo no cartão para pagar o carregamento? Como é que vai sair daqui, se nestas condições o carro já não deve andar? Nós somos a solução”, promete.

Os automobilistas e proprietários de carros eléctricos afirmam que, apesar destes operadores informais cobrarem percentagens muito altas, acabam por “servir de facilitadores, uma vez que só existe um ponto de carregamento de saldo na cidade”. Em termos práticos, reconhecem a sua utilidade. Sebastião Pedro, por exemplo,  relata que já é altura de a empresa Chinangol “espalhar os seus serviços por diversos pontos”, por conta do volume de pessoas que prefere usar carros eléctricos e também para que seja possível carregar o cartão mais facilmente. “Isso vai evitar a especulação que se criou à volta dos carregamentos”, sublinha.

Total apresenta os preços mais elevados

A empresa Chinangol Lda, responsável pelos serviços, diz ter conhecimento de indivíduos que revendem cargas aos automobilistas, mas nega que sejam funcionários da empresa. De acordo com Manuel Santa Clara, da direcção da Chinangol, estas pessoas “são indivíduos externos que se disponibilizam a agenciar e facilitar a entrega dos nossos produtos e serviços”.

“Nós não temos trabalhadores a supervisionar postos de carregamento. Estes postos são colocados em locais de parceiros e são eles que garantem a supervisão destes espaços”, assegura o gestor.

Questionado sobre se a empresa pretende abrir outros pontos para facilitar os automobilistas e evitar a sobrefacturação, o responsável considerou que a actual realidade do País não facilita a sua implementação devido às falhas de infra-estrutura. Mas promete que “em Fevereiro” a empresa vai disponibilizar mais um posto de carregamento para facilitar o processo, avançando que os cartões vão passar a ser feitos apenas por multicaixa ou através da plataforma online Pay-pay.

Para comprar o cartão na Chinangol, o proprietário de um carro eléctrico precisa gastar 6 mil Kz, sendo que 50% do mesmo valor é revertido em saldo para carregamento. Até ao momento existem sete pontos de carregamento para automóveis eléctricos, sendo que seis pertencem à Chinangol e um à Total Energies (que foi inaugurado na semana passada, na estrada da Samba, próximo do embarcadouro do Mussulo). Os pontos da Chinangol estão localizados na Marginal de Luanda, Via Expresssa (Cidade da China), estrada do Panguila, Rocha Pinto, Nova Vida e Kilamba.

O posto único de abastecimento de energia da Total Energies pratica os preços mais elevados do mercado. O carregamento custa 2 mil Kz por viatura e demora uma hora, enquanto que nos pontos de carregamento da Chinangol os preços variam de 500 Kz a 1200 Kz. A vantagem dos clientes da Chinangol acaba por ser a agilidade, já que é possível carregar a viatura por 500 Kz, 600 Kz, 800 Kz, 1.000 Kz e até 1.200 Kz.

Um economista que preferiu o anonimato, lembra que “até ao ano passado”, Angola tinha cerca de 1.200 carros eléctricos e este número tenderá a aumentar, tendo em conta os compromissos que o país tem assumido para a descarbonização. “Recebermos um parque automóvel de carros eléctricos considerável sem termos condições para o carregamento destas viaturas é como dar um passo maior que a perna. Noutras realidades, estes pontos de carregamento estão espalhados por todo o lado”, sublinha o especialista.

Expansão

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