Ausência de aulas práticas, incapacidade dos professores e exigência de pagamento para os estágios é a realidade dos institutos médios de Saúde em Luanda, de onde saem parte dos profissionais que trabalham nos hospitais da capital.
Em Luanda, na actual conjuntura, os técnicos de saúde são formados ao nível médio em Institutos Médios de Saúde e Escolas Privados que ficam no início do ano lectivo, totalmente abarrotados de pessoas que procuram dar início a formação de sonho.
Luanda tem apenas três IMS e várias Escolas Privados de Saúde, mas que não correspondem à procura que cresce ano após ano. Segundo uma fonte da Direcção Nacional de Saúde, os Institutos Médios Públicos são administrados pelo Governo provincial, bem como os privados que dependem igualmente do Governo.
Tal processo não conta em nenhum momento com a colaboração ou fiscalização do Ministério da Saúde, o que faz com que muitos desses institutos não tenham as condições exigidas para a ministração de matérias que constam do plano curricular da referida área, como contam vários alunos.
Alunos pagam os estágios
Maria de Lurdes de 18 anos de idade é filha de um enfermeiro do Hospital Militar há 30 anos, conta que depois de concluído o primeiro ano, recebeu a noticia de que a instituição não tem condições para dar as aulas praticas e nem tão pouco para pôr os alunos a estagiar, tendo sido obrigada a procurar algum posto médico para estagiar, onde ficou acordado que cada colega que quisesse fazer o estágio teria de pagar 40 mil Kz. “Só sete(7) colegas conseguiram pagar e estão a fazer o estágio num hospital” explicou a estudante”.
Fátima Ndongo estuda enfermagem num outro Instituto Público aqui em Luanda e conta que foi o coordenador de turma que fez a campanha dentro da sala, afirmando que os alunos teriam de pagar pelo menos 70 mil Kz para realizar o estágio num dos hospitais públicos. Referir que os alunos que não tiverem a possibilidade de pagar o estágio aprovam apenas com as médias que obtêm com as provas escritas.
” Segundo o que nos disseram, 2 mil Kz funciona como pagamento da inscrição que é feita no centro médico de um bairro, depois pagamos mais 28 mil Kz que é para o estágio neste centro que dura um mês e mais tarde temos de dar ao professor mais 40 mil Kz para entrar em contacto com o director de um outro hospital público que assina dos documentos e permite o início do estágio. Essa é a explicação que eles nos dão na sala.”
Estágio obrigatório nos privados
Num cenário bem diferente, nos institutos privados o valor do pagamento para o estágio é obrigatório, sob pena de não poder fazer a reconfirmação da matrícula para o ano seguinte.
Maria Luísa tem 19 anos e nunca pensou em estudar enfermagem e teve de pagar 25 mil Kz no acto da reconfirmação das matrículas, sendo esta a condição para a inscrição no segundo ano do curso. Os estágios começam no segundo trimestre do ano e normalmente são feitos no hospital Josina Marchel (Maria Pia), Hospital Geral de Luanda, Américo Boa Vida.
Expansão