Isabel dos Santos considera que o actual presidente da Sonangol, que denunciou uma transferência de 38 milhões de dólares, mente e quer confundir a opinião pública. “Factos são simples e verificáveis.”

Isabel dos Santos diz que o presidente da Sonangol “é um mentiroso”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, afirma que foi “com muito espanto” que acompanhou as declarações feitas por Carlos Saturnino na conferência de imprensa, quando denunciou uma transferência de 38 milhões de dólares (31,1 milhões de euros) feita pela administração cessante para uma empresa com sede no Dubai.

“As palavras do presidente do conselho de administração actual, para mim, foram chocantes. Faltaram imenso à verdade”, disse, acusando-o de querer “confundir a opinião pública” e “denegrir” o seu nome.

“Faltaram à verdade de forma completa e total. Os factos são simples e facilmente verificáveis”.

“Uma das afirmações era a de que poderiam existir instruções que teriam ocorrido após a minha cessão de funções como presidente da Sonangol. Isso é falso”.

“Não houve da minha parte nem de qualquer outro membro do conselho de administração instrução alguma que tenha sido dada após a nossa cessão de funções e não houve qualquer pagamento vindo do nosso lado”, afirmou.

Os 38 milhões de dólares, garante a entrevistada, “são o pagamento aos consultores”.

“Este montante a que Carlos Saturnino se refere é um valor que está incluído no orçamento dos 90 milhões de dólares de pagamento a consultores em 2017. E são referentes ao pagamento de facturas de trabalhos executados e entregues.”

Isabel dos Santos considera ainda normal que a Procuradoria abra um inquérito a propósito da denúncia feita pelo presidente do conselho de administração da Sonangol: “A mim parece-me bastante normal que a Procuradoria abra um inquérito. Porque realmente esse é o procedimento”.

A  filha do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, disse ainda estar “completamente confortável com o procedimento em si”.

Isabel dos Santos foi presidente do conselho de administração da Sonangol entre junho de 2016 e novembro de 2017, até ser exonerada pelo novo Presidente da República, João Lourenço.