Isabel dos Santos ao lado do ministro português da Economia, Manuel Caldeira Cabral,

Lado a lado, a empresária angolana Isabel dos Santos e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, aproveitaram esta segunda-feira a inauguração da nova unidade de mobilidade elétrica da Efacec, na Maia, para trocarem elogios e agradecimentos.

“Portugal é um país de inovação”, afirmou a acionista maioritária da empresa, através da Winterfell, sem esquecer referências à qualidade da engenharia lusa ou ao “espírito de descoberta que sempre fez parte do ADN português”.

Para a filha do ex-Presidente de Angola, a Efacec e o trabalho feito pela empresa no segmento da mobilidade elétrica “são exemplo” disto mesmo, salientou numa breve intervenção durante a cerimónia de inauguração da nova unidade, que resulta de um investimento de 2,5 milhões de euros e permite aumentar a capacidade anual de produção para 3800 carregadores rápidos para veículos elétricos, com possibilidade de expansão até às 9000 unidades.

Com 120 postos de trabalho, a nova unidade deverá chegar aos 200 até ao próximo ano. Em 2025 terá 400 pessoas, anunciou Isabel dos Santos, destacando o facto da empresa estar “no centro da revolução da mobilidade elétrica”, colocando Portugal “na liderança mundial num dos sectores mais sofisticados”, e ter parcerias nesta área com marcas como a Porsche ou a Audi.

DAR A VOLTA AOS RESULTADOS

Sem esquecer a entrada no quadro acionista da Efacec, em 2015, Isabel dos Santos destacou, também, a “inversão de resultados” vivida na empresa, que enfrentou um período de prejuízos e de emagrecimento. Os ultimos dados disponíveis indicam que, em 2016, a empresa registou lucros de 4,3 milhões de euros e faturou 431,5 milhões, mais 15,5 milhões que um ano antes.

Na previsão avançada para o segmento da mobilidade elétrica, o objetivo é crescer a dois ou três dígitos nos próximos anos, para se aproximar da barreira dos 100 milhões de euros.
Outra nota deixada pela empresária na sua intervenção foi “de agradecimento aos parceiros, sobretudo à banca comercial, por ter acreditado neste processo desde o início”.

CALDEIRA CABRAL AGRADECE

O ministro da Economia também aproveitou o momento para agradecer “aos acionistas e a Isabel dos Santos por acreditarem e investirem na empresa que ajudaram a capitalizar num momento em que muitos não acreditavam na economia portuguesa”.

“Neste momento de expansão”, depois de “momentos difíceis vividos na empresa, já com 70 anos, Caldeira Cabral também agradeceu às instituições financeiras, colaboradores e fornecedores da Efacec , que apresentou como “um bom exemplo do que é hoje a indústria portuguesa”. E deu os “parabéns pelo investimento que vai criar mais postos de trabalho e contribuir para as exportações” nacionais.

Isabel dos Santos, acompanhada do marido, Sindika Dokolo, e do ministro da Economia, não prestou declarações aos jornalistas, limitando-se à intervenção formal na inauguração.

O CARRO DO FUTURO E UMA NOTA DE CONTESTAÇÃO

Engenheira de formação, aproveitou para recordar os seus tempos de estudante, quando teve “uma experiência frustrante” numa primeira aproximação “às redes da internet” sem “imaginar que era o início de uma era diferente”.

Agora, no entanto, não hesita em dar a sua visão do futuro no mundo automóvel, antecipando um cenário de “veículos sem condutor” em 2025, sem bombas de gasolina nem depósitos de combustível, em 2050.

Na inauguração, entre os convidados, estiveram presentes Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças e presidente do Eurobic, Ângelo Paupério, presidente-executivo da Sonae, e Mira Amaral, antigo ministro da Indústria e Energia, com passagens pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BIC.

A Efacec assume-se como um dos principais fabricantes mundiais de infraestruturas de carregamento de veículos elétricos com presença em mais de 40 países, repartidos por cinco continentes. E, diz Isabel dos Santos, quer ser “um empregador de referência” em Portugal, apostando na formação de quadros e na sua capacidade para atrair “os maiores talentos mundiais”.

À entrada da empresa, um cartaz da CGTP deixava uma nota discreta de contestação ao quadro geral. Com o título “Trabalhadores unidos na luta”, o cartaz referia, entre outros prontos, a existência de “despedimentos encapotados” e de uma “cultura de medo”.