João Lourenço nomeou esta quarta-feira (10.01) como administradores não executivos da petrolífera Sonangol dois antigos primeiros-ministros, Lopo do Nascimento e Marcolino Moco, este último forte contestatário do chefe de Estado anterior.
Segundo a Casa Civil do Presidente da República, as nomeações foram feitas “por conveniência de serviço público”, passando Lopo Fortunato Ferreira do Nascimento e Marcolino José Carlos Moco a integrar o conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde novembro por Carlos Saturnino.
Em novembro último, Marcolino Moco assumiu-se surpreendido” com a “coragem” do novo Presidente da República, afirmando que as decisões conhecidas visam “criar um mínimo de governabilidade” num poder “atrelado aos pilares de uma casa de família”.
A posição do advogado e histórico militante do MPLA, forte crítico da governação de 38 anos de José Eduardo dos Santos, surgiu num artigo divulgado então, pelo próprio.
“É verdade que João Lourenço me surpreende pela coragem e rapidez; mas surpreso andei eu, todos estes anos a ver um país a ser montado a volta de uma família única, quando só se ouviam louvores de tribunas e painéis de entidades notáveis”, criticou ainda o advogado que de 1992 a 1996 foi primeiro-ministro, na Presidência de José Eduardo dos Santos.
Já Lopo do Nascimento, que foi primeiro-ministro entre 11 de novembro de 1975 (proclamação da independência angolana) e dezembro de 1978, além de secretário-geral do MPLA, criticou em 2017, antes das eleições gerais de agosto, a continuidade de José Eduardo dos Santos na presidência do partido.
“Acho que não será uma boa coisa se ele se mantém como presidente do MPLA, porque gera um poder bicéfalo”, disse numa entrevista em março.
DW/CD