João Lourenço devia “manter-se calado” sobre o assunto

O analista político angolano, David Sambongo (foto destaque), afirmou, em entrevista à DW, que o Presidente da República “não está informado” sobre a questão das “reparações históricas”, entre países colonizados e colonizadores,  e que por isso, João Lourenço devia “manter-se calado”. 

Durante a conferência de imprensa, no primeiro dia Montenegro no palácio da cidade alta, ante a uma questão levantada por uma jornalista portuguesa, o Presidente de Angola recusou que o seu país tenha qualquer intenção de pedir a Portugal reparações históricas pelos crimes cometidos pelo regime colonial.

João Lourenço disse mesmo que “os países colonizadores não teriam capacidade de pagar ‘o justo valor’ pelas reparações”.

Para David Sambongo, o Presidente da República esteve muito mal em relação a essa matéria.

“Nota-se claramente que não tem domínio sobre essas matérias em relação à questão da reparação histórica. Há um debate muito avançado em várias academias em relação a isso.”

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“Há movimentos em países como a Bélgica, a França, a Alemanha, e também as próprias Nações Unidas assumiram esse discurso com a criação do projeto “A Rota dos Povos Escravizados”, tutelado pela UNESCO.

Esta iniciativa, segundo analista, para além da questão da reparação histórica, fala da compensação histórica e, sobretudo, da preservação da memória da tragédia como meio para se evitar este fenómeno da escravização, de transformação do ser humano por via do racismo, por via de um conjunto de ações que foram praticadas contra a humanidade no período colonial.

O Presidente não tem uma ideia em relação a isso. Devia ter-se mantido calado, como fez o primeiro-ministro português, que aproveitou a “boleia” dos pronunciamentos errados do Presidente João Lourenço para não tecer comentários em relação a esse aspecto.