Jean-Claude Juncker diz que não gosta da “situação que provocou” o processo independentista da Catalunha e garante que nunca teve contacto com Carles Puidgemont durante a sua estadia em Bruxelas.
Em entrevista ao diário ‘El País’, o presidente da Comissão Europeia deixa ainda um recado aos independentistas catalães: “Não devem subestimar o amplo apoio” que Rajoy tem “em toda a Europa”
As declarações foram publicadas hoje, numa entrevista ao diário espanhol ‘El País’, onde Jean-Claude Juncker afirma que “a Catalunha é uma enorme preocupação”. “Não gosto da situação que provocou, é um desastre”, alertou ainda o presidente da Comissão Europeia.
O processo independentista “gerou uma fratura interna na sociedade espanhola e na catalã, criou problemas dentro das famílias, entre os amigos”, salienta Juncker acrescentando ainda foi um processo “nunca devia ter acontecido”.
Juncker aproveitou ainda a entrevista para deixar um recado aos independentistas catalães: “Não devem subestimar o amplo apoio que o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, tem em toda a Europa”.
O presidente da Comissão Europeia diz também que durante o período em que Carles Puigdemont esteve em Bruxelas nunca teve contacto pessoal com o exonerado chefe do governo catalão.
Juncker assume que Mariano Rajoy “é um grande amigo” e que apoia “a postura do Governo espanhol”. “Estou a favor de quem respeita a lei. A UE baseia-se no império da lei, e o que os meus amigos catalães fizeram foi o contrário: desrespeitaram a lei. Estou com quem respeita o quadro institucional, não posso suportar quem viola isso”, remata o líder europeu.
O governo espanhol convocou eleições na Catalunha para 21 de dezembro, depois de ter decidido aplicar o artigo 155.º da Constituição, que suspende a autonomia da região. O executivo regional foi destituído e o parlamento regional dissolvido.
A decisão do executivo de Mariano Rajoy, apoiadas pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, aconteceram depois de a declaração de independência da Catalunha ter sido aprovada, a 27 de outubro, por 70 dos 135 deputados do parlamento catalão.
A votação decorreu sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional.