Mais de 70 funcionários do supermercado Shoprite, na província de Luanda, que participaram na greve de três dias no mês de Janeiro onde exigiam a melhoria das condições laborais, seguro de saúde e aumentos salariais, foram despedidos incluído todos os membros da comissão instaladora do sindicato dos trabalhadores do gigante sul-africano.
A direcção do Shoprite, que em Janeiro anunciou despedir os funcionários grevistas, considerou ilegal a paralisação e agora cumpre as ameaças e manda para o desemprego mais de 70 trabalhadores.
Além dos despedimentos injustos, os trabalhadores acusam a direcção do supermercado Shoprite de “maus-tratos” e de ameaças a quem fizesse reclamações. Na resposta, o grupo diz ser “responsável” e que trabalha de acordo com a Lei Geral do Trabalho, pelo que nada justificou a greve.
Os trabalhadores despedidos acusam a direcção de exploração de carga horária e de agirem de má-fé. Segundos os visados, aquando do período da greve, foram notificados três vezes pela Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) para um encontro de reconciliação com a direcção da empresa, mas esta instituição, dizem os funcionários, parecia mais advogada do grupo Shoprite do que mediador e pacificador de conflito.
“Como é possível uma instituição como a IGT ficar insensível face a situações desumanas que se vivem dentro da Shoprite?”, interrogam-se os funcionários que lamentam a sua postura.
Augusto Camuembessi, porta-voz e membro da comissão instaladora do sindicato dos trabalhadores do gigante sul-africano, que também foi despedido, disse ao Novo Jornal que todos os funcionários que estiveram na linha de frente da greve foram despedidos.
“Escolheram a dedo aqueles funcionários mais intervenientes e despediram-nos injustamente. Eles alegam indisciplina na carta de despedimento”, explicou. Quanto à ilegalidade da greve, Augusto Camuembessi disse não ser verdade, visto que os pressupostos legais foram todos obedecidos pelos funcionários. “Infelizmente dizem que a greve é ilegal e que vão avançar com mais despedimentos nos próximos dias”, advertem.
Os visados disseram que foram feitas várias reclamações à entidade patronal para a resolução dos problemas, mas sem sucesso. O Novo Jornal soube que foram despedidos mais trabalhadores nas lojas Shoprite do Palanca, Nova Vida, Zango e do Luanda-Sul. Os funcionários asseguram que os despedimentos em grande escala na Shoprite começaram passado um mês da greve.
Ao Novo Jornal, a direcção do gigante sul-africano diz que as reclamações dos trabalhadores não têm fundamentos. Mário Silva, director dos Recursos Humanos (RH) do Shoprite Group Angola, disse, no mês de Janeiro, ao Novo Jornal, que o sindicato dos trabalhadores é ilegal e a empresa vai sancionar todos os que aderiram à greve.
“O que sabemos é que não há nenhuma comissão instaladora sindical na empresa. A greve não deve ser feita quando os funcionários acharem que podem paralisar as actividades”. Somos um grupo responsável e trabalhamos de acordo a Lei Geral do Trabalho, prosseguiu o director, as reivindicações de maus-tratos e de despedimentos injustos não correspondem à verdade, explicou, na ocasião, este responsável do RH aquém o Novo Jornal tentou sem sucesso ouvir esta terça-feira.
NJ