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Lucros da banca disparam 71% para 523 mil milhões Kz nos primeiros nove meses do ano

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Na base estão os ganhos com a margem financeira, influenciados pelo aumento dos investimentos em títulos de dívida pública e das aplicações junto do BNA e os cambiais. O BAI teve o maior desempenho, já que os lucros subiram 146% para 146,7 mil milhões Kz, acumulando o título de campeão dos lucros e líder em activos.

Os 20 bancos comerciais que apresentaram até esta terça-feira os balancetes do III trimestre deste ano contabilizaram um lucro acumulado de 523,2 mil milhões Kz, o que representa um crescimento de 71% face aos 306,1 mil milhões registados no mesmo período de 2022.

Os resultados foram influenciados pela melhoria dos activos, devido aos ganhos com a margem financeira, onde se verificou o crescimento dos investimentos em títulos de dívida pública, já que estes cresceram 33% para cerca de 7,0 biliões Kz, e representa 34% dos activos da banca, bem como aumento das aplicações que os bancos fazem junto do BNA, mais especificamente a repos (acordos de recompra).

Isto associa-se à depreciação cambial, que valorizou significativamente os activos em moeda estrangeira e aumentou resultados cambiais, já que o kwanza depreciou cerca de 40% desde o início do ano face ao euro e ao dólar.

Para o economista Wilson Chimoco, a depreciação cambial foi fundamental para este desempenho, mas continua a ser a margem financeira a ser a principal razão dos ganhos dos bancos. “Os bancos têm sabido tirar proveito da desorganização das Finanças Públicas e fizeram investimentos inteligentes na dívida pública ao mesmo tempo que se têm financiado a taxas muito baixas, muito por conta da baixa literacia da longa base de clientes bancários. E os resultados têm-se mostrado positivos”, disse o economista.

E há que acrescentar, que segundo o economista Heitor Carvalho, o aumento dos lucros nos primeiros nove meses do ano se deve também ao aumento de crédito ao Governo. “Houve o recurso a crédito de tesouraria por parte do Governo a taxas muito elevadas “, disse.

“O crédito ao Estado (títulos e crédito contratual) e a exposição cambial da banca permitem-lhes manter boas rentabilidades, com pouco risco de crédito e de liquidez. Contudo, alguns bancos mais pequenos poderão estar a começar a enfrentar algumas dificuldades e a confrontar-se com a necessidade de escolher entre manter os clientes ou continuar a deter uma boa parte do activo em moeda externa”, explica o economista.

Assim, o BAI foi o banco que mais contribuiu para o crescimento agregado dos lucros da banca. O banco liderado por Luís Lélis viu os resultados dispararem 146% para 146,7 mil milhões Kz, acomodando assim, o título de campeão dos lucros, destronando o BFA, que durante muitos anos foi o banco que mais lucrou. Segue-se, precisamente, o BFA liderado por Luís Gonçalves, que registou um crescimento de 24% dos lucros para 131,0 mil milhões Kz. Juntos, representam mais de metade (53%) do lucro total da banca nos primeiros meses do ano.

Já o BPC voltou a acumular lucros no III trimestre, ao passar de prejuízos para lucros de 1,4 mil milhões Kz, após vários anos com contas no “vermelho”.

Se os grandes bancos tiveram bom desempenho, os pequenos viram os lucros caírem. O Finibanco, Yetu, Valor, Banco da China e o BCH registaram quedas dos lucros. E dois bancos registaram prejuízos, nomeadamente o VTB África e o BNI, com resultados negativos de 2,7 mil milhões Kz e 3,8 mil milhões, respectivamente.

Dos 22 bancos comerciais, dois estão de fora destas contas, nomeadamente, o Económico e o Standard Chartered Bank, que até esta terça-feira ainda não tinham publicado os balancetes trimestrais, embora ainda estejam dentro do prazo estabelecido pelo regulador.

Rácio de transformação de apenas 26%

Até Setembro, o conjunto de 20 bancos registou um aumento de 34% no stock de crédito para quase 4,1 biliões Kz, mais 1,0 biliões se comparado com mesmo período do ano passado. Como de costume, o BIC mantém-se como o campeão deste ranking, com 740,9 mil milhões Kz, um crescimento de 32%. Segue-se o BFA com 531,8 mil milhões Kz e o ATLANTICO com 466,2 mil milhões Kz fecha o pódio. Por sua vez, os depósitos aumentaram 31%, passando de 12,0 biliões Kz para 15,7 biliões.

Contas feitas, o rácio de transformação do conjunto de 20 vinte bancos é de 26%, um valor consideravelmente baixo face ao que acontece em economias mais desenvolvidas, o que demonstra que o crédito não é uma prioridade para a banca, ao contrário do que acontece com a dívida titulada.

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