A Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) registou uma redução no resultado líquido de 15% para 5.313 milhões Kz em 2022 face aos 6.319 milhões Kz registados em 2021, de acordo com o relatório e contas da companhia referente ao exercício de 2022.

Os prémios brutos emitidos pela seguradora que caminha para um processo de privatização registou também uma diminuição de 3% para 94.427 milhões Kz. (- -2.966 milhões kz), influenciado essencialmente pelo ramo vida com uma redução de 30% para 858 milhões Kz, seguros de petroquímica (redução de 29% para 23.397 milhões kz), saúde, acidentes de trabalho, automóvel e aéreo, (influenciados maioritariamente pela apreciação do kwanza registada no início do período).

“Os prémios registaram uma queda, tendo essa diminuição sido influenciada pela redução dos prémios em kwanzas dos produtos indexados ao dólar americano, face a valorização do Kwanza em 2022”, justifica a Ensa.

A seguradora registou 3.974 sinistros participados com relevância nos seguros de acidentes de trabalho e responsabilidade civil automóvel, o que causou uma redução nas indemnizações de 14,8% para 33.339 milhões Kz em 2022. Encontram- -se pendentes de regularização 4.712 processos de sinistros.

A margem de solvência da seguradora passou de 160,0% para 198,5% em 2022 (+38 pp), enquanto a taxa da margem de cobertura das provisões apresentou-se em aproximadamente 100%, reflectindo deste modo a capacidade da empresa em honrar com as obrigações, de acordo com o estipulado por lei.

Acrescente-se que relativamente aos 5.313 milhões Kz do resultado líquido, o conselho de administração propõe a transferência integral para os resultados transitados.

A perder quota de mercado

Apesar de manter a liderança do mercado, a seguradora tem vindo a perder quota de nos últimos três anos, passando de 37,81% em 2020 para 30,61% em 2022 (ver gráfico). A título de exemplo, no IV trimestre de 2022 chegou mesmo a perder o primeiro lugar para a Nossa Seguros.

Nesse trimestre em particular, o presidente da Comissão Executiva (PCE) da E, Mário Mota Lemos, justificou, na altura, que a perda da liderança da seguradora (no IV trimestre) estava relacionada com a alteração dos períodos de renovação das apólices das grandes empresas.

“Os clientes alteraram os períodos de renovação das apólices de Setembro ou Outubro para Janeiro. Temos observado que aqueles negócios que nós tínhamos no final do IV trimestre começaram a passar para Janeiro. Os pequenos negócios como o automóvel fazem-se todos os anos, mas os grandes contratos têm grande diferença, como o da TAAG, o sector petrolífero e os acidentes de trabalho, que na sua generalidade passaram a renovar as apólices em Janeiro”, disse ao Expansão.

Gestão de Fundos de Pensões

A ENSA tem sob sua gestão um total de 11 fundos, dos quais um aberto e os restantes 10 fechados, que representaram um total de 6.332 participantes activos. No total, gere os fundos das empresas BNA, Porto de Luanda, CPATT, Sonamet, BP Angola, Fina, Vida Tranquilo, OPS e Statoil.

O valor global da carteira de fundos de pensões geridos é de 375.322 milhões Kz, onde o Banco Nacional de Angola tem a maior carteira de fundos com 316 mil milhões kz, cerca de 85% deste valor Em 2022, a carteira de fundos registou um total de contribuições de 211.588 milhões Kz, repartidos pelos aderentes do fundo aberto (adesões individuais e colectivas) e dos participantes e associados dos fundos fechados. Quanto às responsabilidades, registou-se o pagamento a 3.066 beneficiários na condição de reformados, sobreviventes e desvinculados, num valor total de 24.304 milhões Kz.

Em termos de investimento, a seguradora tem o maior investimento em obrigações de tesouro (308.091 milhões kz), depósito a prazo (38.568 milhões Kz), unidade de participação (11.941 milhões Kz), depósito a ordem (5.298 milhões Kz) e imóveis (1.018 milhões kz).

Expansão