Ao todo, os resultados líquidos dos 19 bancos que publicaram os balancetes do IV trimestre de 2022 caíram 3% para 507,4 mil milhões Kz. Sem contar com BPC e Económico, que não os publicaram, os cinco maiores caíram após ano atípico de 2021, onde parte dos elevados lucros veio da reversão de imparidades.
Os resultados líquidos do agregado dos cinco maiores bancos privados em activos – BAI, BFA, BIC, Atlântico e Standard Bank – que apresentaram balancetes do IV trimestre de 2022 caíram 17% para 352,4 mil milhões, uma diminuição de 72,2 mil milhões face a 2021.
Estes cinco bancos representam 70% dos lucros do conjunto de 19 bancos que já publicaram os balancetes do IV trimestre do ano passado, cumprindo assim as normas regulamentares do Banco Nacional de Angola (BNA).
Contas feitas, este conjunto de 19 bancos comerciais viu os seus resultados líquidos caírem 3% para 507,4 mil milhões Kz. O BFA mantém-se na liderança do ranking dos campeões dos lucros, seguido do BAI e do Standard Bank.
De fora destas contas estão o BDA por não ser banca comercial, bem como o BPC e os já repetentes Banco Económico e Standard Chartered Bank (SCBA), que a 8 de Março ainda não tinham publicado nos seus sites os balancetes do IV trimestre. O BE já não o faz desde o III trimestre de 2019, enquanto o SCBA não publica balancetes desde o II trimestre de 2022.
Quanto ao BPC, o novo PCA Cláudio Pinheiro, que foi nomeado para o lugar de António Lopes em Outubro do ano passado, arranca esta nova era do banco público a falhar os prazos legais impostos pelo BNA para a publicação destas demonstrações financeiras.
Em 2022, os quatro bancos que mais lucraram (BFA, BAI, SBA e BIC) registaram uma queda acentuada dos seus resultados líquidos face a 2021. O campeão dos lucros, o BFA “perdeu” 13,3 mil milhões Kz (-9%) face ao exercício anterior, enquanto o segundo deste ranking, o BAI, viu os seus resultados líquidos encolherem 40,4 mil milhões Kz (-29%). A fechar o pódio está novamente o Standard Bank Angola, que ainda assim “perdeu” 10,1 mil milhões Kz (-13%) em lucros face a 2021. Segue-se o BIC, cujos resultados líquidos caíram 8,4 mil milhões Kz (-17%).
O Caixa Angola (BCGA) é o único deste lote de cinco bancos com maiores resultados em 2022 cujos resultados líquidos não caíram, apesar de apenas terem crescido 0,2% para 34,5 mil milhões Kz. Contas feitas, os quatro bancos com mais lucros registaram, em conjunto, uma queda de 72,3 mil milhões Kz nos seus resultados de 2022.
Esta queda dos lucros deve-se, segundo especialistas, ao facto de 2020 e 2021 terem sido anos atípicos na banca, já que em 2021 a generalidade dos bancos procedeu a operações de reversão de imparidades inscritas em 2020, quando as maiores agências de notação financeira desceram o rating da República, em pleno auge da Covid-19.
Ou seja, a banca angolana tem uma elevada exposição à divida pública (um terço dos seus activos) e o facto de as agências terem baixado o rating de Angola em 2020 traduziu-se automaticamente num aumento da probabilidade de perdas nestes activos, o que obrigou os bancos a registarem imparidades, baixando resultados. Como em 2021 as agências melhoraram o rating, os bancos nesse exercício fiscal reverte ram imparidades, o que fez disparar os lucros nesse ano.
Esta reversão de imparidades, associada a outras questões também como a valorização do Kwanza face ao dólar, fez com que os lucros destes 19 bancos em 2021 crescessem 107% face a 2020, passando de 253,6 mil milhões Kz para 525,3 mil milhões Kz, com os maiores ganhos a acontecerem nos maiores bancos, precisamente os que fizeram as maiores reversões de imparidades.
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