O primeiro-ministro português terminou nesta quinta-feira a visita oficial a Angola salientando a relação institucional “sem mácula” entre os dois países e dizendo que já está com saudades do país e do seu povo.
“Devo confessar que, numa primeira palavra mais sentimental ou imaterial, estamos a acabar a visita e já estamos com saudades de estar aqui e de poder interagir com as autoridades e com o povo angolano”, afirmou, numa declaração em que esteve ladeado dos dois ministros que o acompanharam, o de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e da Economia, Pedro Reis.
Montenegro salientou a agenda “muito diversificada e muito produtiva” que resultou na assinatura de 12 protocolos e memorandos de compromisso com o governo angolano em várias áreas, como proteção civil, justiça, finanças, economia ou formação profissional.
Nesta visita, Portugal anunciou o reforço da linha de crédito a Angola em 500 milhões de euros — situando-se agora nos 2.500 milhões de euros — e assinou um instrumento jurídico que assegura que o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) começará a trabalhar em Angola para promover a formação profissional de quadros angolanos.
Para Montenegro, a relação entre os dois países do ponto de vista institucional “está sem qualquer mácula e do ponto de vista empresarial “está a criar múltiplas oportunidades” de promover o crescimento e o desenvolvimento económico e social de Angola e em Portugal.
À margem deste balanço, e questionado sobre posições do Presidente da República sobre temas nacionais, Montenegro aproveitou para realçar a sintonia com Marcelo Rebelo de Sousa quanto ao aprofundamento da cooperação entre Portugal e Angola.
“Sou, aliás, portador de um abraço especial do Presidente da República de Angola, João Lourenço, que entregarei pessoalmente ao Presidente da República portuguesa”, acrescentou.
Montenegro salientou que Portugal tem em Angola “um país amigo, uma nação e um Governo que colaboram de forma muito direta” com Portugal, considerando que se estabeleceu com esta visita “uma base de aprofundamento das relações bilaterais que é absolutamente excelente”.
“Estou hoje sobretudo empenhado em dizer aos portugueses que há futuro em Angola para muitas empresas portuguesas e há muito futuro em Portugal para muitas empresas angolanas e portuguesas também”, afirmou, resumindo esta visita com a palavra esperança.
Montenegro considerou que o Governo português leva de Angola “um caderno de encargos alargado, mas que não é apenas uma troca de galhardetes retóricos”.
“É efetivamente trabalho concreto, oportunidades concretas, interações concretas”, salientou.
Desta deslocação, o primeiro-ministro recordou a visita à Escola Portuguesa de Luanda, pela “salvaguarda a preservação e cultivo da língua portuguesa”, e “uma agenda empresarial muito alargada”, com visitas a empresas e a todos os “stands” portugueses na Feira Internacional de Luanda.
“E hoje mesmo tivemos a ocasião em Benguela e no Lobito de assistir a várias intervenções de empresas portuguesas em áreas tão diversificadas como a produção de energia, de energia renovável, a aplicação de tecnologia e engenharia portuguesa (…) e pudemos testemunhar as oportunidades que se abrem em outras áreas da atividade económica, na agroindústria, no turismo, em várias oportunidades de comércio e de serviços”, realçou.
Antes deste balanço da visita, o primeiro-ministro e a restante comitiva tiveram uma cerimónia de despedida no Palácio Presidencial — que se atrasou mais de meia hora, devido à deslocação a Benguela –, jantando em seguida com o embaixador de Portugal em Luanda, Francisco Alegre Duarte, antes de regressar hoje à noite para Lisboa, onde chegará na madrugada de sexta-feira.