Belmiro de Azevedo, 79 anos, morreu nesta quarta-feira. Foi sucessivamente considerado um dos empresários mais ricos do mundo – a última classificação da revista Forbes colocava-o, em 2016, entre os 1100 maiores do mundo.
Ao que o PÚBLICO apurou, o empresário estava internado num hospital do Porto desde sábado devido a complicações respiratórias.
A sua carreira começou na Efanor, que se tornaria mais tarde na sua holding pessoal, mudando-se pouco depois para a Sonae – que viria a liderar a partir de 1974, tornando-se sócio maioritário a meio da década de 1980.
Foi com ele que a empresa estendeu a sua actividade da produção de laminite, um termolaminado decorativo à base de papel, a áreas tão diversas como a madeira, os hipermercados, comércio especializado, media e telecomunicações.
Comandou também a empresa no caminho da internacionalização, levando-a a mais de 70 países e empregando mais de 50 mil pessoas.
Em paralelo com a actividade empresarial, criou, em 1991, a Fundação Belmiro de Azevedo, dedicada ao mecenato nas áreas da educação, das artes, da cultura e da solidariedade.
Belmiro de Azevedo, nascido em 1938 em Tuías, Marco de Canaveses, deixou em Abril de 2015 o cargo de chairman do grupo Sonae, numa assembleia geral de accionistas que elegeu o filho Paulo Azevedo para o mesmo lugar — acumulando com o cargo de presidente do conselho de administração, que partilha com Ângelo Paupério.
No seu discurso de despedida da vida profissional, ao fim de 50 anos, deixou um testemunho positivo: “Tivemos muitos sucessos durante esta história, em que aprendi que, para prosperar, temos de estar em constante processo de mudança e de melhoria contínua.”
Nas últimas duas décadas, o empresário foi agraciado com vários títulos, em Portugal e lá fora. Exemplo disso foi o grau de comendador da Ordem do Mérito Civil de Espanha em 1999, o grau de comendador da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no Brasil, em 2000, e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a mais alta condecoração atribuída em Portugal, a 5 de Janeiro de 2006 — concedida ainda pelo presidente Jorge Sampaio.
Reacções de pesar sucedem-se
São muitas as reacções à morte de Belmiro de Azevedo. Vicente Jorge Silva, um dos fundadores do PÚBLICO, recorda-o com “muita saudade e muita estima”, nomeadamente em relação ao período em que o jornalista colaborou com o empresário na fundação do jornal. “Houve, na altura, um entendimento perfeito”, disse em declarações à RTP .
“Deixa-me bastante triste, bastante afectado. Eu, sem estar em contacto regular com Belmiro de Azevedo, tinha por ele do fundo do coração uma grande estima e uma grande amizade”, frisou ainda Vicente Jorge Silva sobre a morte do empresário.
PARCERIA COM ISABEL DOS SANTOS
A parceria da Sonae com Isabel dos Santos na Nos é “exemplar” e para manter, de acordo com declarações à Reuters do Chief Corporate Center Officer (CCCO) do grupo, Luís Reis. “É uma parceria irrepreensível. Os parceiros sempre estiveram muito alinhados”, afirmou Luís Reis.
“É uma parceria que tem sido exemplar do ponto de vista do alinhamento estratégico entre os parceiros e portanto não vemos qualquer para que isso se altere”, vincou o CCCO da Sonae, no dia seguinte ao da exoneração de Isabel dos Santos do cargo de presidente da Sonangol por parte do novo Presidente de Angola, João Lourenço.
A Sonae (grupo dono do PÚBLICO) e Isabel dos Santos uniram-se através de uma empresa, a Zopt, detida a 50% por cada uma das partes, através da qual detém a maioria do capital da Nos. Por sua vez, Isabel dos Santos é dona de 70% da Zap, operadora de televisão por satélite em Angola, cabendo à Nos os outros 30%.
Em 2015, conforme recorda a Reuters, Isabel dos Santos e a Sonae rasgaram uma parceria de quatro anos para o retalho alimentar em Angola, com a Sonae a vender a sua posição numa “joint-venture” naquele mercado à empresária, que por sua vez lançou a rede de supermercados Candando. Depois disso, a Sonae entrou presença no retalho alimentar em Moçambique associado à Satya Capital e, segundo afirmou Luís Reis à Reuters, está a sondar investimentos noutros países africanos.