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Nigéria em choque após afastamento e detenção do “todo-poderoso” governador do banco central

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A lista de crimes de que Emefiele é suspeito inclui financiamento ao terrorismo, branqueamento de capitais e fraude. A detenção pelos Serviços de Segurança adensa o mistério e a especulação.

O governador do Banco Central da Nigéria, Godwin Emefiele, está sob custódia dos serviços de segurança, após a sua detenção na sexta-feira à noite, horas depois de ser afastado do cargo pelo Presidente Bola Tinubu, decisão que animou os mercados e fez disparar o valor das acções nigerianas para o seu ponto mais alto desde 2008.

A detenção não constitui surpresa, já que era esperada desde Dezembro, mas as circunstâncias e as razões têm dado azo a especulação, com o antigo presidente da Ordem dos Advogados, Olisa Agbakoba, a questionar a competência dos serviços secretos para deter e manter sob custódia o “todo-poderoso” chefe do banco central.

Apesar da descrição que o cargo exige, Emefiele “riscava” mais do que os ministros das Finanças e tinha mais intervenção política do que os membros do governo, referem vários analistas financeiros.

Emefiele, que se manteve nove anos no cargo, foi suspenso 11 dias depois da tomada de posse do Presidente Bola Tinubu, na sequência de uma “investigação em curso ao seu gabinete e das reformas planeadas para o sector bancário”, explicou a presidência, em comunicado.

O afastamento do governador do Banco Central da Nigéria (CBN) deveria ter sido aprovado pelo Senado, como assinala a Reuters, mas isso não aconteceu. O país está numa fase de transição política, após as eleições de 25 de Fevereiro. O novo Parlamento bicamaral tomou posse só esta terça-feira, dia 13, e o novo Presidente tem até final de Julho para anunciar os membros do novo governo.

Segundo relata a imprensa, os Serviços de Segurança do Estado tentaram prender Emefiele, em Dezembro de 2022, por suspeita de financiamento ao terrorismo e branqueamento de capitais, fraude, atribuição de benefícios financeiros a si próprio e a outros e “crimes económicos de dimensão de segurança nacional”, mas foram impedidos por um tribunal, por falta de provas, desconhecendo-se se foram adicionadas novas provas.

Por isso, cresce a especulação e o espaço que a história ocupa nos jornais. A revista The Africa Report dedica uma extensa reportagem à “ascensão e queda”, do homem que era venerado por banqueiros, líderes empresariais e governadores estaduais. “A ascensão e queda de Godwin Emefiele na Nigéria: de jactos de luxo e praias exóticas à detenção”, titula a reportagem assinada por Eniola Akinkuotu.

“O governador do banco central era muito poderoso” no cargo, comentou Abiola Gbemisola à Associated Press. “Não estava à espera que ele ficasse sob a nova administração, especialmente tendo em conta o facto de ele não ter sido tão gentil nas políticas que antecederam as eleições. Em vez de se concentrar na redução da inflação, contribuiu para a elevada inflação ao dar dinheiro ao governo federal, imprimindo dinheiro essencialmente para conceder empréstimos”, justificou o analista.

Antes das eleições a Nigéria foi assolada por protestos pela decisão do banco central de substituir notas de naira, troca que causou um problema de escassez de moeda no país, que fez disparar os preços e obrigou o Presidente Buhari a ordenar a reintrodução das notas antigas.

Os jornais recordam que durante o mandato de Emefiele, a economia nigeriana debateu-se com o enfraquecimento da moeda e com o aumento da taxa de inflação, que atingiu 22,2% em Abril, um máximo de duas décadas. Referem ainda a tentativa infrutífera de candidatar-se à Presidência da República nas eleições deste ano.

“Não tinha uma visão da política monetária do país. Chegou ao topo da sua carreira como um yes-man para aqueles que o colocaram na posição”, resumiu à Al Jazeera Cheta Nwanze, sócio principal da SBM Intelligence, uma consultora geo-política. A especulação nos media abrange também o local da detenção, com o Premium Times a escrever que o ex- -governador foi detido na sua casa em Lagos e transportado de avião para Abuja, onde é “guardado por um destacamento de agentes” dos SSS, enquanto outros jornais referem que Emefiele foi detido quando estava a tentar sair do país, através da fronteira terrestre em Lagos.

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