Com nove lesionados e um castigado, Manchester United saiu a ganhar ao intervalo com bis de Lukaku e chegou ao milagre (ou não fosse Solskjäer técnico) nos descontos com um penálti de Rashford (3-1).
A recepção do Manchester United ao Liverpool não é propriamente aquele jogo que tenha deixado muitas recordações (longe disso) mas serve como exemplo paradigmático do lado oculto do efeito Solskjäer desde que chegou a Old Trafford para substituir José Mourinho: as exibições melhoraram, os resultados aparecera.
todavia, houve uma catadupa de lesões (sobretudo a nível muscular), sendo que, no clássico inglês, três jogadores tiveram de sair por problemas físicos ainda antes do intervalo.
Por isso, e quando olhávamos para uma lista com Phil Jones, Valencia, Darmian, Matic, Mata, Herrera, Lingaard, Martial e Alexis Sánchez, poderíamos pensar que era um esboço de onze titular sendo na verdade a lista das baixas. E ainda havia o castigo a Pogba.
Alguma coisa teria de justificar tantos problemas. O treino? A relva? A (má) preparação na pré-temporada? Não, não e não.
Mas havia de facto uma razão: o estilo de jogo mais ofensivo do técnico norueguês, que obrigava a outra disposição dos jogadores… e a mais quilómetros.
E o The Times até fez as contas com números que provavam essa teoria de haver maior distância percorrida e de número de sprints realizados. Em termos globais, os jogadores passaram a correr 5% mais e a sprintar 20% mais.
Alguns exemplos práticos: Herrera tinha uma média de 11,5 quilómetros por jogo e passou para 12,2. Rashford costumava fazer um total de 20,3 sprints por jogo e passou para 25,2.
Até Juan Mata, que há muito se tornou um jogador mais cerebral do que de pressões altas ou jogo mais vertical, passou a fazer mais 1,7 sprints em média do que acontecia quando José Mourinho era ainda o treinador.
“Provavelmente está relacionado. Porquê ter escolhido agora para mudar? Tinha duas hipóteses: ou esperava até à pré-temporada e entretanto pedia resultados sem correrem o que quero ou começava agora com a intensidade que precisamos para chegar aos resultados.
Escolhi a segunda porque se queremos jogar como o Manchester United, se queremos fazer parte do que é o Manchester United, precisamos dessa intensidade”, admitiu Solskjäer, quase que pedindo desculpa pelo “sacrifício”.
Uma coisa é certa: aquilo que parecia impensável tornou-se agora realidade e os red devils conseguiram subir aos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões na próxima temporada, estando a três pontos do Tottenham, atual terceiro classificado.
No caminho com o norueguês, só houve mesmo um encontro onde as coisas correram mal, na receção ao PSG na primeira mão dos oitavos da Champions.
Mas o técnico era também aquele que melhor poderia passar a ideia de que até ao fim há vida – ou não tivesse sido ele o marcador do golo decisivo na histórica final que o Manchester United venceu nos descontos frente ao Bayern em 1999.
(Texto escrito ao abrigo do acordo ortográfico)
Observador