Jornalistas camaroneses dizem que interdição de debates políticos imposta por autoridades antes de eleições é um desrespeito total à liberdade de imprensa e de expressão. Privados resolveram ignorar proibição.
Na Magic FM, uma rádio na capital camaronesa, Yaoundé, uma música anuncia o início do programa de debate político.
Alima Mbarga, oficial de comunicações da Frente Social-Democrática, o maior partido da oposição, é um dos convidados no estúdio que responde aos telefonemas dos ouvintes.
Mbarga saúda a rádio por ter ignorado a proibição a programas de debate político, ordenada pelo Conselho Nacional de Comunicação.
“A proibição da discussão política é descabida, pois estamos num ano de eleições”, diz Mbarga, referindo-se às eleições de 25 de março para o Senado.
“É preciso dar espaço suficiente aos partidos políticos e às pessoas para exprimirem as suas opiniões, para que os camaroneses conheçam os projetos dos partidos e dos seus candidatos.”
Má nota no índice de liberdade de imprensa
Os Camarões têm mais de 500 jornais e uma centena de emissoras de rádio e televisão. Ainda assim, os Camarões estão na posição 130 num total de 180 países no índice mundial de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras.
No passado, o NCC interditou jornais, impôs multas exorbitantes ou mandou prender jornalistas ou editores que criticaram o Governo.
O presidente do NCC, Peter Essoka, nega as alegações de que a suspensão dos debates políticos foi uma resposta às críticas crescentes ao partido do Presidente Paul Biya, o Movimento Popular Democrático de Camarões. Biya, na Presidência dos Camarões desde 1982, é o líder africano há mais tempo no poder.
Jean Tobie Hond, o secretário-geral do NCC, prometeu punir todos os que desafiarem a proibição.
“Se os meios de comunicação não veem necessidade de parar, é possível que o Conselho tome as medidas previstas num decreto presidencial de 2012, nomeadamente que suspenda os meios de comunicação que desrespeitem a proibição”, afirmou Hond.
DW