Números oficiais colocam a capital como a cidade com mais prédios em risco iminente de desabar, após a queda do prédio 41, na Avenida Comandante Valódia, em Março e do abanão do lote 1 do Prenda. Ainda assim, grande parte dos prédios em perigo continua habitada, sem qualquer previsão de desalojamento das famílias, que receiam pelas suas vidas.
Pelo menos 36 prédios estão em risco de ruir em Luanda, de acordo comos dados do Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação (MINOPUH). A nível nacional, o número aumenta para 139.
“Em relação aos edifícios em risco de ruína, temos cadastrados cerca de 139 em todo o país. Em Luanda, até ao momento, identificámos cerca de 36 edifícios em risco de ruína”, respondeu o MINOPUH, em resposta a questões colocadas pelo Expansão.
Na catalogação feita em Luanda constam os prédios n.° 51/55, situado na rua Engrácia Fragoso, o n.° 45 situado na rua dos Marecos e o n.° 05 situado na avenida Comandante Valódia.
Juntam-se a estes, o prédio Kikombo, o prédio do livro no Sambizanga, o edifício inacabado no Kilamba-Kiaxi, o edifício do Baleizão (Treme-treme), e também o lote 1 do Prenda, que aguarda a avaliação final que está a ser feita pelo Laboratório de Engenharia de Angola (LEA).
Devido à degradação avançada deste e de outros edifícios, alguns moradores já começaram a ser contactados, sem que lhe seja avançado qualquer horizonte temporal para o seu realojamento.
“Apenas nos identificaram e informaram que era por causa da situação do prédio. Não nos disseram nada sobre um possível realojamento, nem durante quanto tempo vamos continuar aqui”, disse o morador de um dos prédios identificados.
Apesar do estado avançado de degradação destes edifícios, alguns poderão ainda ser recuperados, em função das condições que apresentarem.
“Alguns destes prédios poderão ser recuperados, mediante o seu estado estrutural, o seu valor patrimonial e cultural”, esclarece o ministério, entidade que coordena o trabalho de avaliação dos edifícios que está a ser realizado pelo Laboratório de Engenharia de Angola.
De acordo com o ministério, está em curso um programa de levantamento de todos os edifícios em estado de degradação e que precisam de intervenção, tendo já sido cadastrados pelo menos 500 edifícios.
“Neste processo, temos cadastrados mais de 500 edifícios a nível nacional. No entanto, considerando a dinâmica da degradação dos edifícios, o processo de avaliação e catalogação será contínuo com objectivo de monitorizar o cumprimento das medidas”, lê-se nas respostas às questões feitas pelo Expansão.
Em Março, após a queda do prédio 41, na Avenida Comandante Valódia, o director do Laboratório de Engenharia de Angola, disse que mais de metade dos 500 edifícios que a instituição detectou em avançada degradação concentra-se em Luanda.
“O levantamento que foi feito até agora permite aferir que neste momento temos na ordem de 500 edifícios cuja situação de degradação é preocupante. Estes 500 edifícios estão espalhados por todo o território nacional. A maior parte está localizada em Luanda”, disse Fernando Bonito.
GPL desconhece a realidade
Apesar da garantia dada pelo responsável máximo do Laboratório de Engenharia de Angola, de que a maioria dos prédios em avançado estado de degradação identificados até agora estão em Luanda, o governo provincial desconhece esta realidade.
“Em 2020, todos os governos provinciais foram orientados a fazer um cadastramento dos edifícios que se encontrassem em mau estado de conservação, de acordo com o Despacho Presidencial n.º 110//19, de 2 de Julho. E o GPL (Governo Provincial de Luanda) fez o devido levantamento e submeteu ao ministério de tutela. Três anos depois, este levantamento precisa de ser actualizado e seria imprudente da nossa parte avançar qualquer dado agora sob o risco de não sermos precisos”, respondeu o director do gabinete provincial dos serviços técnicos e infraestruturas, Calunga Quissanga, questionado pelo Expansão sobre o número exacto de prédios em risco de desabar em Luanda.
O GPL garante que, na altura do levantamento feito em 2020, “os proprietários dos edifícios foram notificados sobre a situação das edificações e aconselhados a procederem em conformidade”.
Expansão