A Procuradoria-Geral da República (PGR) está a investigar a equipa de gestores portugueses da Universidade Jean Piaget de Angola por haver indícios de branqueamento de capitais, fuga ao fisco e auxílio à imigração ilegal.

A investigação surge na sequência de uma denúncia pública efectuada pelo corpo docente e não docente daquela instituição do ensino superior, no passado dia 12 de Outubro.

Ao jornal VALOR, uma fonte da instituição universitária adiantou que, na sexta-feira, 13, dois funcionários foram ouvidos pela PGR, na sequência da divulgação dos supostos esquemas de fuga ao fisco e da alegada retirada de capital de forma ilícita de Angola para Portugal.

Antes, Abraão Franco, o porta-voz do pessoal docente e não docente, foi ouvido nos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME) pela denúncia de cidadãos portugueses a trabalhar na estrutura central da universidade sem qualquer visto de trabalho ou de permanência em território nacional.

Segundo este representante dos funcionários, o então homem das finanças, José Manuel da Costa Rocha, retirado do cargo em Outubro, após ameaça de paralisação de toda a actividade laboral, é o autor de desvios milionários da instituição.

Enquanto exerceu o cargo, explica Abraão Franco, solicitou vários empréstimos bancários em nome da Universidade Jean Piaget, mas que se reverteram em seu benefício, tendo, por sua vez, causado uma “avultada dívida” que impediu outro empréstimo diante da banca no período de Estado de Emergência.  O valor serviria, alegadamente, para pagar os salários em atraso.

FALÊNCIA À PORTA

Num e-mail a que o grupo de representantes teve acesso, a esposa do antigo responsável das finanças jura que o marido “nunca agiu sozinho”, ou seja, sem o consentimento do presidente da Associação Instituto Piaget de Angola (Aipa), António de Oliveira Cruz.

“Não há nada que o doutor Rocha tenha feito que não fosse consentido pelo doutor Cruz. Perguntem ao doutor Cruz, ele sabe para onde vai o dinheiro. Não foi o meu marido que roubou,” defende, deixando claro que, pelo contrário, a instituição acumula uma “avultada dívida” para com o esposo. “Se o meu marido cobrar tudo o que a Piaget lhe deve, a universidade acaba”, avisa.

GREVE GERAL À VISTA

Os funcionários da Universidade Jean Piaget de Angola ameaçam partir para uma greve geral na próxima quarta-feira, 18, caso a entidade patronal não pague os salários em atraso desde Setembro do ano passado.

No grupo de reivindicadores, estão funcionários efectivos que têm a receber, cada um, mais de 1 milhão de kwanzas, enquanto, para os não efectivos, o valor chega a ser ainda mais elevado.

Abraão Franco esclarece ainda que, durante este tempo, os funcionários recebiam apenas uma espécie de ‘bónus’ que não corresponde sequer a 20% do salário.

Além do salário, entre as exigências, consta o reforço das medidas de biossegurança e a manutenção dos equipamentos de ar condicionado, por exemplo, que estão há anos sem qualquer manutenção.

VE