Quando, nas próximas 72 horas, o Presidente da República cruzar a porta da Assembleia Nacional (AN) para apresentar o seu “Estado da Nação”, João Lourenço será confrontado com o espectro da sua destituição do cargo de representante máximo do Estado angolano.
Mesmo sabendo-se, à partida, que a iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA em destituir o presidente do partido arqui-rival não irá produzir os efeitos desejados, ela constitui, sem dúvida, algo inédito, um marco histórico, pois não se tem memória nos quase 50 anos de existência de Angola de um PR que tenha sido confrontado com uma situação do género que, convenhamos, aparentemente incómoda para qualquer estadista.
Apesar de não responder diante da Assembleia Nacional, um órgão através do qual ele se fez eleger para o cargo que actualmente ocupa no aparelho do Estado,João Lourenço poderá não estar numa posição politicamente confortável, depois do anúncio do iminente pedido de destituição feito pelo maior partido da oposição.
Por mais que o Presidente da República e o seu partido procurem minimizar ou mesmo ignorar o assunto, o facto é que o anúncio do “impeachment” “mexeu” com as hostes dos “camaradas”, ao ponto de a reacção do partido governante ter suscitado muito mais ruidosa do que o pedido feito pela oposição.
«PR deve fazer mais do que prometer», avisam cidadãos em Malanje. Mais do que um exercício de antecipação ao que dirá PR, malanjinos apontam o que está mal, numa vasta lista em que entra fome, desemprego e falta de energia.
A ser aberto dentro de poucos dias, a aproximação do novo Ano Parlamentar, a nível de Malanje, atiça o senso crítico de diversos quadrantes na província, os quais esperam do Presidente da República um discurso “com maior pro-actividade e não apenas promessas que tardiamente serão materializadas”. Melhorias nos sectores da Justiça, Energia e Águas, Educação, Saúde, infra-estruturas e da empregabilidade dominaram as conversas com os interlocutores do Novo Jornal nesta parcela da República de Angola.
Activistas pedem saída para autarquias no Laboratório de Ideias de João Lourenço
Actores da sociedade civil esperam do Presidente da República, segunda-feira, na Assembleia Nacional, uma posição firme sobre as autarquias, quando falta apenas uma lei para o fecho do pacote autárquico. O caos social, que tem na fome e miséria entre as comunidades um indicador incontornável, deve apressar a aproximação do poder aos cidadãos, sugerem as mesmas fontes.
A cada iniciativa tendente a demonstrar à opinião pública que “A Vida Faz-se nos Municípios”, como se viu, recentemente, no anúncio do Laboratório de Ideias, o Governo angolano é confrontado com a necessidade de autarquias no País, tidas como a fórmula contra o modelo de governação centralizado, capaz, dizem especialistas ao NJ, de empurrar o poder para junto dos cidadãos.
NJ