Numa altura em que Angola enfrenta múltiplos desafios económicos e sociais, o projecto político PRA-JA Servir Angola defende o reforço do diálogo estruturado entre os decisores governamentais, elites políticas e actores sociais como via para a construção de consensos nacionais e definição de estratégias inclusivas para o futuro do país.
A proposta foi apresentada por Jardo Muekalia, membro da Direcção Nacional do PRA-JA, no final de um encontro de cortesia com o vice-governador da província da Lunda-Sul, Cláudio Pemessa, realizado na sede do Governo Provincial, em Saurimo.
Durante a sua intervenção, o dirigente do PRA-JA reconheceu os avanços registados em matéria de governação local, tendo destacado o bom estado da Estrada Nacional n.º 230, que permitiu uma “viagem calma e segura até à Lunda-Sul”, após um périplo por diversas províncias, nomeadamente Huíla, Malanje e Zaire, onde constatou, segundo referiu, “surpresas positivas” relativamente ao estado de várias infra-estruturas.
As actividades desenvolvidas pelo partido naquela região, esclareceu Muekalia, integram a sua estratégia política para preparar o terreno com vista às eleições gerais de 2027, com o objectivo de “formar Governo e conduzir Angola rumo a transformações estruturais profundas, assentes num paradigma de desenvolvimento multidimensional”.
“Angola precisa de reformas que elevem os investimentos no capital humano e na infra-estrutura de base”, afirmou o político, sublinhando que tais pilares são indispensáveis para a concretização de um modelo de sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.
No quadro desta agenda política, foi igualmente realizada uma palestra subordinada ao tema “Eleições em África, mudanças de regime e o impacto nacional e internacional”, a qual serviu, segundo Jardo Muekalia, para a partilha de visões estratégicas, identificação de desafios democráticos e análise comparativa de experiências africanas em transições políticas pacíficas e sustentáveis.
ANÁLISE EDITORIAL
O apelo ao diálogo interinstitucional e político por parte do PRA-JA surge num momento particularmente sensível da vida nacional, em que as pressões sociais, o desencanto urbano e a erosão da confiança pública nas instituições exigem respostas coordenadas e pactuadas.
A iniciativa política ora defendida — centrada na necessidade de criar pontes entre forças com visões distintas — revitaliza a noção de governação participativa e reflecte uma leitura pragmática dos desafios contemporâneos que Angola enfrenta.
Mais do que um acto simbólico, este tipo de intervenção contribui para o alargamento do espaço democrático, e demonstra uma preocupação estratégica em requalificar o debate político para além da lógica do confronto. Esta abordagem pode representar um ganho significativo para a cultura de diálogo político-institucional, se acolhida por outros actores do sistema.
Por outro lado, o reconhecimento dos avanços infra-estruturais nas províncias visitadas, ainda que pontuais, indica uma tentativa do PRA-JA em posicionar-se como oposição propositiva, valorizando os feitos do Executivo onde os houver, mas alertando para os pontos críticos que ainda subsistem.
Finalmente, o foco do partido nas eleições de 2027 e na formação de quadros capacitados para governar sugere uma visão de longo prazo e denota maturidade política — um factor que poderá reposicionar o movimento junto das camadas mais exigentes e críticas da sociedade angolana.