A Angola Cables, que comercializa a capacidade de circuitos internacionais de dados, tem, exercido uma posição monopolista no principal acesso internacional denominado WACS.

Segundo o director-geral do Internet Technologies Angola (ITA), Francisco Pinto Leite (na foto destaque), em entrevista ao Jornal de Angola, deste resulta a subida de preços entre 6 e 15 vezes mais  do que a média dos operadores internacionais.

O gestor empresarial disse que o monopólio do acesso internacional aporta Angola em três cabos de fibra óptica Submarina, (SAT3, desde a África do Sul à Portugal, em operação desde 2001, operada pela Angola Telecom e com alguns problemas operacionais, (WACS)-desde a África do Sul à Portugal, operado pela Angola Cables e que  representa o principal acesso internacional de Angola e a (SACS)-desde Angola ao Brasil, operado pela Angola Cables.

Sobrefacturação

O responsável avançou que uma ligação Lisboa-Luanda para uma capacidade de 10 Gbps à Angola Cable cobra 242 mil dólares, enquanto a TATA 36 mil dólares, uma diferença de 672 por cento, Luanda-Capetown  a mesma quantidade custa a operadora 240 mil dólares  e a TATA o valor de 30 mil dólares uma diferença de 800 por cento.

A mesma ligação entre Lisboa-Luanda, a MTN cobra pela operação 20 mil dólares, uma diferença 1.210 por cento e, para Luanda Capetown, a diferença é de 1.200 por cento.

Cabo 2

O director do ITA apela à  necessidade de subscrever o serviço do novo “Cabo2 África” que está neste momento a obter “candidaturas” representando um investimento de aproximadamente 35 milhões de dólares.

O referido cabo deverá terminar perto da “Landing Station do SAT3, em Cacuaco, a fim de garantir o terceiro caminho junto ao cabo mais antigo de Angola (SAT 3) e, por este motivo, com maior probabilidade de falhas.

 A ITA é uma operadora de serviços de telecomunicações de  conectividade, datacenter e voz a operar em todo o país, com tecnologias fibra wireless e satélite.  

Estão conectados neste sistema a Cote D’ivoire com seis operadoras, Nigéria com 30, Ghana 20, Angola 2 e África do Sul, 12. A  sobrecarga do cabo por seis países tem provocado falhas de serviços internacionais devido à dependência a única operadora, referiu.

Em consequência dos preços elevados dos serviços de telecomunicações em Angola, determinados pela posição monopolista da Angola Cables, segundo Francisco Pinto Leite, afecta directamente os serviços móveis e ligações corporativas e  indirectamente  os preços de serviços, indústria, alimentação, custo de investimento (CAPEX), o­peracionais (OPEX) de empresas, órgãos de Estado e demais instituições.

De igual modo, interfere no desenvolvimento, pois o acesso as TIC potencia valor, riqueza e desenvolvimento.

Custos

O engenheiro reconhece que foram cometidos erros, como a necessidade da Angola Cables pagar o investimento no cabo “SACS e no Data Center” construído no Brasil, que  segundo ele, parece ser um “projecto forçado por interesses ligados à linha de Crédito Governo a Governo Japão”, apesar de existirem forças em Angola alertando para a não necessidade desse investimento.

“Há pouca importância da ligação “directa” ao EUA da maioria dos parceiros/sistemas com que Angola lida terem redundância dos seus sistemas na Europa”, disse.
Na óptica do director- geral da ITA, o valor pago pelo projecto, ao abrigo da linha de crédito do Governo, tem custo adicional de pelo menos 50 por cento acima do valor normal de mercado.

Soluções

Para inverter o quadro o engenheiro apela que a Angola Cables deve permitir a “amarração” de operadores na chamada “Londing Station” de Sangano, de forma a se obter, a partir dessa medida preços mais competitivos no mercado internacional.

Assim como deve praticar preços em linha com a região, apenas acrescido com factores relacionados com custos operacionais específicos de Angola, por exemplo a energia e segurança, num limite de 20 por cento acima desses preços da região.

JA