O Presidente Cyril Ramaphosa considerou nesta semana que será difícil para a África do Sul quantificar o impacto da captura do Estado pela corrupção fomentada pelo partido no poder desde 1994, na economia e na reputação internacional do país.
“É difícil quantificar o impacto da captura do Estado na confiança dos empresários e consumidores, e na perda de investimento. Da mesma forma, não podemos quantificar o impacto da captura do Estado na posição e imagem do país internacionalmente”, afirmou Ramaphosa.
O Presidente sul-africano admitiu que se poderia “quantificar em termos de camas hospitalares, comboios urbanos, habitação, concessões sociais, água, manutenção de estradas e uma série de outros bens e serviços públicos que a captura do Estado roubou” ao povo.
“Mas o que é mais difícil de medir é o custo mais amplo para a economia e a nossa sociedade”, acrescentou o chefe de Estado na declaração de encerramento perante a comissão judicial que investiga alegações de captura do Estado, corrupção e fraude no setor público, incluindo órgãos do Estado.
“Talvez o custo mais devastador e duradouro da captura do Estado e da corrupção seja o seu impacto sobre a confiança do povo da África do Sul nos líderes e funcionários em quem depositaram grande confiança e responsabilidade”, frisou.
Ramaphosa considerou que a captura do Estado pela grande corrupção na África do Sul “prejudicou a confiança das pessoas no Estado de direito, nas instituições públicas, nas agências de aplicação da lei e, até certo ponto, no processo democrático”.
O chefe de Estado referiu que a captura do Estado originou a saída do serviço público de pessoas “altamente qualificadas e experientes”, salientando que “é provável que também tenha desencorajado muitos jovens talentos de ingressarem no Governo, o que tem implicações significativas para o serviço público no futuro”.
“Devemos profissionalizar o serviço público e devemos atrair pessoas qualificadas de volta ao serviço público”, salientou.
Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder na África do Sul desde 1994, considerou ainda que o trabalho de investigação da comissão judicial ‘Zondo’ ajudará “a romper de forma clara e decisiva com as práticas de corrupção que tanto custaram” ao país.
“A experiência também mostrou que dentro das nossas entidades estatais, dentro do serviço público, dentro do parlamento, legislaturas e conselhos existem mulheres e homens íntegros e capazes – pessoas que resistiram à pressão para participarem em atos ilícitos ou serem seus cúmplices voluntários”, sublinhou.
“É a honestidade e a decência dessas pessoas – e na verdade dos sul-africanos em toda a sociedade – que nos permitirá reconstruir e recuperar”, declarou Ramaphosa.
O Presidente sul-africano reconheceu: “Como país, estamos a sair de um período difícil”.
O ex-presidente Jacob Zuma, que cumpre uma pena de prisão de 15 meses desde 08 de julho, liderou o país entre 2009 e 2018, tendo sido afastado pelo seu partido, o ANC, antes de terminar o mandato depois de múltiplos escândalos relacionados com corrupção, desde quando era vice-presidente da República.
O ex-chefe de Estado foi substituído no cargo por Cyril Ramaphosa, que era vice-presidente de Zuma.
JM