Quatro tipos de remédios, fabricados na Índia, causaram a morte de pelo menos 70 crianças, na Gâmbia, no ano passado, de acordo com a conclusão da investigação de uma comissão presidencial de inquérito, revelou domingo a Efe.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os xaropes continham quantidades “inaceitáveis” de dietilenoglicol e etilenoglicol; comumente usado como anticongelante. Os produtos químicos podem ser fatais e levar à insuficiência renal aguda em dezenas de crianças.
Em Outubro de 2022, a Gâmbia recolheu vários medicamentos após a morte das crianças, incluindo todos os xaropes para tosse e constipação em circulação, bem como todos os produtos fabricados pela empresa indiana Maiden Pharmaceuticals, de onde vieram os xaropes contaminados. A sindicância concluiu que os medicamentos não haviam sido registados no órgão regulador de medicamentos antes de serem importados, conforme exigido pela regulamentação.
As comissões assinalaram também a necessidade urgente de criar um laboratório de controlo de qualidade para a realização de testes a todos os medicamentos importados para o país. O ministro da Saúde apontou, ontem, várias áreas a melhorar para garantir um sistema de saúde de melhor qualidade, como a criação de uma escola de farmácia na universidade e um controlo mais rigoroso dos medicamentos em circulação.
Ele também disse que o governo da Gâmbia estava a explorar formas de mover uma acção legal contra o laboratório farmacêutico indiano do qual os medicamentos são originários, a fim de obter uma compensação. Após o escândalo, a Índia fechou a fábrica da Maiden Pharmaceuticals em Outubro de 2022.
No início de 2023, a OMS pediu uma “acção imediata e coordenada” para erradicar medicamentos não conformes e falsificados, particularmente xaropes para tosse contaminados. Ao todo, 300 crianças morreram na Gâmbia, Indonésia e Uzbequistão, vítimas desses remédios.
JA