20HORAS, tempo nacional coordenado do dia 22 de Fevereiro de 2002, a Rádio Nacional de Angola, dirigida pelo consagrado jornalista Manuel António Rabelais, anunciava ao país e ao “resto” do Mundo, a notícia da morte de Jonas Savimbi, carismático líder da UNITA.
Pouco antes das 16 horas desse dia, falei ao telefone com o Dr. MENA ABRANTES sobre o assunto. E Poucos minutos antes das 20 horas, o Director Geral da RNA, Dr. MANUEL RABELAIS, entrava nos estúdios centrais da estação e confiava-me os dois comunicados, nomeadamente o do Estado Maior General das FAA e o do Governo do Presidente José Eduardo dos Santos.
“AMILCAR tens a Missāo de ler os comunicados. Vais ler agora em directo”, disse-me.
Sempre pensei que seria o Director da RNA, o que fazia todo o sentido e sem qualquer contestação. Mas o “DG” entregava-me há 16 anos, os DOCUMENTOS para irradiar nas ondas hertzianas da NOSSA ETERNA PAIXĀO e sob o olhar do Chefe.
Confesso que foram os mais importantes TEXTOS que li ao longo da minha vida, enquanto jornalista ao serviço da segunda maior cadeia de radiodifusão da África Austral.
Há dezasseis anos, no calendário gregoriano que usamos, o dia 22 de Fevereiro de 2002, foi um ano comum e tal como este ano, calhou também numa Sexta-Feira.
Os JORNALISTAS ABÍLIO CAMBAMBE E ADALBELTO LOURENÇO faziam equipa nesta ” longa noite informativa” da RNA.
A Ciria de Castro leu o noticiário das 20 Horas desse DIA. E algumas das principais cadeias de Televisão e de rádio do mundo estavam “alinhadas” com a RNA para ouvir a NOTÍCIA.
A mais credível porque tinha as “Fonte da Informação” para evoluir para o “valor de Noticiabilidade” ă escala planetária.
Curiosamente no dia 22 de Fevereiro de 2002, o dia estava a ser marcado pela instabilidade na RDC e na RCongo, pelo que eu estava a fazer a análise política no espaço “Ditos na Imprensa” conduzido pelo jornalista Adalberto Lourenço, o actual director da RNA( naquela altura fazia tambėm comentário sobre política internacional na TPA, canal 2).
Há dezasseis anos, permaneci na RNA até ao amanhecer do dia seguinte. Sábado, 23 de Fevereiro, com o Africano Neto “eterno” editor do indispensável “Jornal de Sábado e o Adalberto Lourenço constituí depois a “tridente” que com rigor e Alto sentido profissional trabalhou em equipa para dar ao povo angolano e não só, tudo o que precisava de saber sobre o ACONTECIMENTO de 22 de Fevereiro no Lucusse.
Apresentei o Jornal de Sábado, edição jornalística do categorizado Africano Neto. Fizemos o encadeamento de todos os ângulos informativos sobre as causas e consequências da morte de Jonas Savimbi.
Nunca um jornal na RNA tivera tantas fontes de informação, nunca a RNA fora tão “promovida” pelas grandes baleias de informação no dia do anúncio da morte de um homem que reivindicava o direito de ficar na História de Angola por ter iniciado o seu “Caminho” em 1966, depois de abandonar o GRAE e a UPA de Holden Roberto.
Aos colegas de jangada que há 16 anos, estiveram na redacção de jornalismo da RNA, um abraço forte.
Um candando muito especial ao Abílio Cambambe que por razões de saúde, viu a sua carreira interrompida (jornalista sério e rigoroso). Foi o Cambambe que com a ajuda do Adalberto, alinhava todos os conteúdos que eu ia lendo naquele dia que deixou de ser de um ano “comum”.
Reacções houve muitas, de vários quadrantes políticos e que ajudaram a compreender o que estava a acontecer num país em guerra pós eleitoral.
Mas a RNA cumpria o seu papel. Serviço público com responsabilidade, fazendo apelo ă calma, a serenidade e a tranquilidade públicas.
Ao recuperar esta memória colectiva, quero expressar a minha gratidão por ter feito parte da equipa que fez mais de 24 Horas na RNA e para fechar a minha humilde narrativa, Um abraço especial ao Dr. Manuel Rabelais pela serenidade e tranquilidade demonstradas, pois que transmitiu-nos segurança para desenvolvermos cabalmente a nossa função ao longo da “Longa Noite” de emissão em directo.
Por Amílcar Xavier