Apesar de não existir uma indústria de refinação e haver poucas linhas de empacotamento, o sal de Angola é exportado, informalmente, para o Ruanda. No presente ano económico o país prevê produzir 120 mil toneladas, segundo fez saber a Associação Nacional dos Produtores de Sal
O presidente da Associação Nacional dos Produtores e Transportadores de Sal, Odílio Silva, garantiu que existe um grande interesse de países africanos, principalmente os que não possuem mar, em comprar o sal de Angola.
Porém, existem concorrentes fortes da África do Sul e da Namíbia, com preços competitivos, tanto em quantidade produzida como em preços baixos.
“Já ouvimos informações que o sal de Angola chega ao Ruanda, mas de forma informal”, reiterou.
De acordo com Odílio Silva, em termos de localização geográfica, Angola encontra-se mais próxima dos principais importadores de sal em África, o que considera uma vantagem. Em sua opinião, o processo de exportação do produto deve começar de países africanos para Europa.
Para o empresário salineiro, é preciso desenvolver e organizar a cadeia de produção de sal. Referiu ainda a necessidade dos produtores e exportadores nacionais traçarem metas, para darem a conhecer a qualidade do sal produzido no país.
Benguela lidera produção
As províncias do litoral, concretamente Benguela e Namibe, têm maior produção de sal, mas as demais também produzem, com excepção Cabinda.
Actualmente, Benguela lidera a produção salineira, seguida pelas províncias do Namibe, Cuanza Sul e do Bengo.
Questionado sobre a produção no ano transacto, o responsável reiterou que não foi satisfatório para os produtores, tendo em conta a quantidade de produto importado.
“Há necessidade de se regular o sector de importação e comprar apenas o deficit”, disse. Em 2014, o país produziu 35 mil toneladas de sal, já em 2017 foram atingidas 101 mil toneladas, fruto de um programa estabelecido entre o Ministério das Pescas e os salineiros.
Segundo o empresário, em termos de produção, o ano passado a meta era atingir 97 mil toneladas e foi ultrapassada. “Este ano pretendemos produzir 120 mil toneladas”, disse.
A associação tem registada 10 salinas, contudo, existem muitas salinas desactivadas que precisam ser recuperadas. A organização conta com representações em todas as províncias.
Falta de linhas de empacotamento e indústria de refinação de sal
Segundo Odílio Silva, a maior dificuldade que o sector enfrenta é a falta de linha de empacotamento que permite distribuir o produto nas grandes superfícies comercias.
“Existem apenas duas empresas que fazem o empacotamento, por essa razão há necessidade do surgimento de mais estabelecimentos com este propósito”, salientou.
Em sua opinião, todas as salinas deveriam ter uma pequena linha de empacotamento, posteriormente poderia surgir grandes indústrias de refinação do sal.
Questionado sobre o papel da associação junto aos bancos, avançou que a actividade salineira não se compadece com crédito bancário porque os prazos de reembolsos não se ajustam.
Odílio Silva defende um programa específico de crédito para a cadeia de produção do sal, com taxas de juros bonificadas e o prazo de reembolsos de longo prazo.
“Consideramos a produção de sal uma questão de soberania do Estado e de segurança alimentar. É preciso dar seguimento aos programas do sector”, reiterou.
O aumento da produção de sal poderá dar origem a novas linhas de empacotamentos e, consequentemente, a novos postos de trabalho.
Pretende-se activar uma bolsa do sal, onde os produtores poderão, após a produção, depositar o produto, e ,por sua vez, a Associação tratará da exportação