As seguradoras e os fundos de pensões ainda têm uma participação residual no mercado de capitais. São necessários produtos mais atractivos para o sector, dizem os operadores, que querem mais investimentos de curto prazo disponíveis no mercado de capitais.
O montante negociado no mercado de capitais por sectores institucionais e não institucionais rondou os 1,6 biliões Kz, sendo que as empresas ligadas aos seguros e fundos de pensões representam apenas 2,06% do total, equivalente a 33,4 mil milhões Kz do total, uma percentagem ínfima quando comparada com o que acontece em outros países.
O sector reclama que não há produtos adaptados à sua actividade, nomeadamente com maturidades de curto prazo.
Em termos práticos, os fundos de pensões têm uma participação no mercado de capitais em valor de 0,74%, e os activos em que investiram foram acções, obrigações de tesouro não reajustáveis e unidade de participação. No caso das seguradoras, tiveram uma participação de 1,32% com investimentos em acções e em obrigações do tesouro não reajustáveis, de acordo com a Comissão do Mercado de Capitais (CMC).
A questão que se coloca é o porquê da pouca participação das seguradoras e dos fundos de pensões no mercado de capitais, sendo elas, por excelência, investidores institucionais.
Os operadores apontam várias razões e, entre elas, o facto de que as maiores empresas do sector segurador possuirem uma concentração dos seus investimentos acima dos 50% em imóveis, que limita o acesso ao mercado de capitais. E que deve existir mais incentivos aos investimentos de curto prazo no mercado de capitais.
“Com excepção das responsabilidades assumidas com as pensões pelo sector segurador e fundos de pensões, que apresentam maturidades mais longas, as restantes são de curto prazo e face há já elevada exposição em imóveis, fazem com que a grande maioria das empresas privilegie instrumentos com mais liquidez, nomeadamente depósitos a prazo”, explica Cristina Nascimento, administradora executiva da Nossa Seguros.
Por outro lado, a também responsável dos assuntos financeiros e fiscais da Associação das Seguradoras de Angola (ASAN) aponta que o outro constrangimento que o sector enfrenta é que o mercado de valores mobiliários em Angola ainda é bastante incipiente, com um reduzido número de investidores e emitentes, excessiva dependência da dívida pública, apresentando pouca liquidez e impossibilitando desta forma uma gestão de investimentos adequada ao perfil das suas responsabilidade e às regras de diversificação impostas pelas ARSEG.
A responsável é da opinião de que há necessidade de reforçar igualmente a função de gestão de investimentos, capacitando os recursos, rever a estratégia de alocação de activos de forma a ser mais adequada ao perfil do negócio de cada empresa seguradora.
“A retirada dos bilhetes do tesouro do mercado, que constituem instrumentos de curto prazo adaptáveis às necessidades do sector, constituiu igualmente um factor de afastamento do sector do mercado de capitais, optando as empresas por investir em depósitos a prazo”, sublinha.
Mercado de curto prazo
O facto de o mercado segurador ser na sua maioria de Não Vida (com 91%), ou seja, de curto prazo, suporta a opinião de Paulo Bracons que aponta que é essencial saber gerir a liquidez, que é necessária para suportar o pagamento de sinistros e os custos sucessivamente crescentes das seguradoras.
“Os seguros só contribuirão decisivamente para o desenvolvimento do mercado de capitais quando o ramo Vida tiver peso na estrutura de carteira das seguradoras, pois o ramo Vida vive muito de prémios, investimentos a médio e longo prazo. Por outro lado, o mercado de capitais em Angola ainda é também muito jovem”, refere.
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