Se a ideia é evitar a contrafacção, os selos “não devem ser aplicados às bebidas de baixo valor”, como acontece noutros mercados, onde os “elementos de segurança invioláveis” só se aplicam a tabaco e bebidas espirituosas, defende o sector.
Mais um imposto vai “matar” empresas e agravar o desemprego.
Os selos fiscais não entram em vigor a 1 de Março, como a Administração Geral Tributária (AGT) previa, no âmbito do Programa Nacional de Selos de Alta Segurança (PROSEFA), que abrange todos os produtos sobre os quais incide o Imposto Especial de Consumo (IEC), nomeadamente bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas, tabaco e seus sucedâneos.
Além do Ministério das Finanças ainda não ter concluído o Decreto Executivo, que regulamenta os selos fiscais, a AGT enfrenta a resistência da indústria de bebidas, que receia o impacto de mais um imposto.
O selo fiscal foi criado pelo Decreto Presidencial n.º 216/19 e visa o combate ao contrabando e contrafacção.
A AGT assume que a regulamentação dos selos, bem como o preço unitário, ainda não estão definidos – sê-lo-ão pelo Decreto Executivo do Ministério das Finanças – e admite que a sua implementação contempla um “período transitório”, como aconteceu com o IVA, para permitir que os agentes económicos se adaptem.
Isto porque o PROSEFA implica a implementação de contadores de produção, ou seja circuitos digitais que farão a contagem, registo e gravação de todo o tipo de eventos ou ocorrências nas linhas de enchimento de bebidas e que, à semelhança da indústria petrolífera, servem para medir o volume de produção.
O sector das bebidas é um dos mais afectados pela crise económica, agravada pela pandemia da Covid-19.
O sector travou, em 2021, uma luta para reduzir a taxa de Imposto Especial de Consumo (IEC) e evitar o encerramento de mais empresas, além da fábrica da EKA e da Nocal.
As duas fábricas “entretanto reabriram parcialmente por causa do aumento do consumo”, mas podem voltar “a fechar as suas portas, caso este consumo volte a baixar”, como alerta a Castel, o maior grupo do sector no país.
“O Selo Fiscal não deve ser um novo imposto e não deve ser implementado como tal”, refere a Castel, que reforça a posição da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), também expressa publicamente esta semana, com a iminência da entrada em vigor dos Selos Fiscais a 1 de Março.
Para ambos a aplicação dos selos fiscais a bebidas de baixo valor, como cervejas e refrigerantes, equivale a tributar triplamente um sector, já sujeito ao IVA e ao Imposto Especial de Consumo.
A tripla tributação fará disparar o preço, aumentará a inflação sectorial e que desvirtua o argumento da contrafacção, já que a falsificação não se aplica a produtos de tão baixo valor “porque o tempo e investimento para tal superam o valor unitário do produto original”. Por isso, nos mercados internacionais, como o Europeu, os selos fiscais ou “elementos de segurança invioláveis” só se aplicam a tabaco e bebidas espirituosas.