A Sonangol vai abandonar a BIOCOM no âmbito do Programa de Reestruturação do Sector Petrolífero, do seu Programa de Regeneração, e na sequência da aprovação do Programa de Privatizações (PROPRIV), a Sonangol focar-se-á nos negócios associados à cadeia primária do óleo e gás.

Desta forma, foram identificados activos cuja participação do Estado, através da Sonangol, será objecto de privatização/alienação. Entre os activos está a participação accionista na Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom).

A Biocom – Companhia de Bioenergia de Angola, segundo denúncias feitas há quase dez anos pelo jornalista angolano e activista dos direitos humanos Rafael Marques de Morais,  é uma empresa que resultou de um grande esquema de corrupção  montado por figuras de grande influência no então regime de José Eduardo dos Santos.

Com a Sonangol e a multinacional Brasileira Odebrecht e um voraz e desumanizado grupo de políticos feitos empresários formaram um consórcio  para a criação do então projecto BIOCOM orçado em pouco mais de US$272 milhões de dólares destinado à produção de açúcar, álcool e biocombustíveis. O projecto foi aprovado pelo Conselho de Ministros, sob orientação presidencial na era de Eduardo dos Santos.

Um dos mecanismos usados por este consórcio para assegurar os seus interesses particulares disse Marques de Morais “foi poder e a reputação internacional da Sonangol”.

“Bem como” disse ainda Rafa Marques “a capacidade de influência que estes exercem nas decisões do então presidente”. Enquanto chefe do executivo, Eduardo dos Santos aprovava todos os investimentos superiores a US$5 milhões de dólares.

Participam no capital social da Biocom a Sonangol com 20%, grupo COCHAN com 40% e também com 40% a Odebrecht Angola Projectos e Serviços Lda.

A Companhia de Bioenergia de Angola produziu, até 14 de Agosto do ano em curso, 62,5 mil toneladas de açúcar, correspondendo a 57% da produção estimada para este ano, fixada em 110 mil toneladas. A unidade gerou ainda 9,3 mil metros cúbicos de etanol (48%) e 32,6 Gigawatts de energia eléctrica.

As estimativas da BIOCOM indicam que o País tem uma necessidade de consumo de açúcar acima das 300 mil toneladas. Olhando para a necessidade de consumo nacional e a quantidade de açúcar produzida pela unidade industrial no ano passado, 73 mil toneladas, nota-se um défice acima das 200 mil toneladas de açúcar.

Apesar da unidade industrial de estarem a baixo das metas, o director-geral adjunto da BIOCOM, Luís Bagorro Júnior não tem dúvidas que a companhia dá mostras de vitalidade e solidez em tempo de crise, a julgar pelos resultados alcançados no primeiro semestre de 2019, que “tem se mostrado a melhor de todos os tempos da empresa”.

CD/Makaangola/Mercado