As previsões do Standard Bank estão em linha com o Banco Mundial, que no último relatório “Africa ‘s Pulse”, prevê uma taxa de 2,6%, aguardando assim um crescimento abaixo do aumento populacional. O FMI está mais optimista, antecipa uma expansão de 3,6%. Tudo gira em volta do comportamento do preço do petróleo.
A economia nacional deverá crescer a um ritmo inferior ao crescimento da população, que cresce em média 3,1% ao ano, num contexto de fraco nível de investimento e redução do preço do petróleo, segundo as mais recentes previsões da equipa de research do Standard Bank.
Os dados foram apresentados esta quarta-feira,19, em Luanda, pelo economista-chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique, Fáusio Mussá, durante o 1° Briefing Económico de 2023 do banco.
“Esperamos que Angola continue a crescer abaixo do crescimento da população. Esta economia apresenta uma média de crescimento populacional em volta dos 3%. Num contexto em que o investimento é reduzido, seja público ou privado, a oferta de moeda externa é constrangida e o combate à inflação obriga a uma prudência na implementação da política fiscal, eu vejo Angola a crescer abaixo do crescimento populacional”, afirmou o economista.
Fáusio Mussá justifica também o abrandamento da economia angolana em 2023, com redução do preço do petróleo praticado actualmente nos mercados internacionais, quando comparado com a média de preços de 2022.
“Angola experimentou no ano passado uma situação em que o preço do petróleo em média situou-se em torno dos 100 USD o barril, neste ano, temos uma média de cerca de 85 USD. Embora esteja acima do pressuposto do Governo no OGE (preço de 75 USD), mas sem dúvida que esta descida do preço do petróleo resulta numa menor receita de exportação”, apontou.
Entretanto, de acordo com o economista, uma redução das receitas de exportação implica que a economia, em média, terá menos disponibilidade de moeda externa do que tinha no ano passado.
Assim, para Fáusio Mussá, considerando que a economia angolana historicamente continua muito dependente das importações e da necessidade de um nível adequado de moeda externa para operar, é expectável que uma desaceleração do crescimento económico permita manter um certo equilíbrio nas contas externas do País.
O que dizem outras instituições
As instituições de Bretton Woods, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial divergem nas mais recentes previsões de crescimento da economia nacional para 2023.
Recentemente, o FMI melhorou ligeiramente a previsão de crescimento da economia nacional para 3,5%, acima dos 3,4% previstos no último encontro do ano passado. As previsões do Fundo constam no “World Economic Outlook”. O Banco Mundial, por sua vez, no relatório ” Africa’s Pulse”, reviu em baixa as previsões de crescimento, prevendo que a economia de Angola abrande de 3,5% no ano passado para 2,6% este ano, estabilizando à volta de 3,0% até 2025, influenciada pela variação do preço do petróleo.
Já o Governo, no Orçamento Geral de Estado (OGE) para 2023 espera um crescimento na ordem dos 3,3% justificado pelas perspectivas de crescimento do PIB petrolífero na ordem dos 2,98% (incluindo gás) e do PIB não petrolífero em cerca de 3,4%.
Em 2022 a economia nacional cresceu 3,0%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).Este foi o maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) verificado nos últimos oito anos, registando o segundo ano consecutivo de expansão da economia nacional depois de um ciclo de cinco anos de recessão, entre 2016 e 2020.
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