O presidente da Comissão Executiva da TAAG, Rui Carreira, considera que, apesar de a companhia ser deficitária, o Estado pode, de forma administrativa, colocá-la numa situação diferente, transformando a dívida em capital próprio e, a nível da gestão, tomando medidas para começar a gerar fluxos positivos e dar lucros.

Em entrevista à Angop, apresenta algumas propostas para a saída da crise, que passam, entre outras, pela privatização da empresa, pela abertura de novas rotas (com realce para Londres e Estados Unidos da América) e pela aquisição de novos aviões à Boeing e à Bombardier.

Durante a entrevista a operadora aérea de bandeira de Angola foi analisada em quatro vertentes: comercial, financeira, operacional e de serviço ao cliente.

Do ponto de vista comercial, Rui Carreira disse à Angop que “é uma companhia que está no mercado, faz voos domésticos, regionais e intercontinentais, explora as rotas de acordo com a sua pesquisa de mercado.”

“No plano doméstico,” diz ainda o responsável “é essencialmente um serviço público, um factor de unidade e coesão nacional. No regional e intercontinental, tende a ter a intenção de proporcionar a interactividade dos angolanos com o exterior e, também, a vinda a Angola de quem nos visita.”

Já do do ponto de vista financeiro a Taag não está bem. ou melho, nunca esteve bem. Carreira disse que a operadora tem muitas dificuldades que decorrem, essencialmente, do facto de ser uma empresa vocacionada para o serviço público, que, por norma, não é lucrativo.  E que pelo facto, segundo disse Não faz sentido a Taag deixar de voar para o Cuito, Menongue ou Huambo, só porque essas rotas não são lucrativas.

RESULTADOS FINANCEIROS NEGATIVOS 

“A Taag  vai continuar a cumprir o seu papel, mas isso tem impacto na situação financeira da empresa”, garantiu.

“Desde que foi constituída” prossegue “sempre foi uma companhia deficitária, nunca deu lucros, e o acumular desses resultados negativos, ao longo dos anos, faz que seja uma empresa que apresente hoje, na sua contabilidade, capitais próprios negativos. Outra situação que decorre desse facto é por ser uma empresa do Estado.”

Segundo Rui Carreira o maior activo de uma companhia aérea são as aeronaves, e desde que a Taag começou por adquiri-las, em 1976, essas compras foram assumidas pelo Estado.

Facto que reflecte na contabilidade da empresa como uma dívida e não como um activo próprio, logo contribui como segundo factor para apresentar capital próprio negativo.

FALÊNCIA DA TAAG

Reconhece o facto visto que tecnicamente, o termo está correcto. Todavia, diz que “se formos por essa ordem de ideias, vamos dizer que a Taag está falida desde 1976.”

“Portanto, o termo falência é forte, dado que a empresa falida fecha. O certo é que ela nunca fechou. É uma companhia do Estado que gere fluxos de caixa negativos, mas não está em falência. O Estado pode, de forma administrativa, colocá-la numa situação diferente.

SOLUÇÃO À VISTA PARA TORNAR A TAAG RENTÁVEL

Carreira diz hacer muitas saídas para o estado actual que se encontra a TAAG. “A primeira é puramente administrativa, devendo o Governo angolano transformar a dívida que a Taag tem (com o Estado) em capital próprio.”

“A segunda é a nível da gestão, tomarem-se medidas coerentes, para começar a gerar fluxos positivos e, por força disso, começar a gerar lucros” disse.

Questionado sobre uma possível privatização, o responsável disse que a solução não passaria necesseriamente por aí contudo “o Estado angolano já não tem a pujança que tinha nos anos anteriores, em que era capaz de financiar as suas empresas com mais folga, mas, neste momento, não tem essa folga.”

“Então, o privado vem para preencher essa lacuna, ou seja, para injectar capital, alavancar a operação financeira e operacional da empresa e torná-la rentável. o nosso plano de negócios, prevemos medidas para optimizar as nossas receitas e reduzir, drasticamente, os nossos custos.”