0,00 $

Nenhum produto no carrinho.

Tesouro Nacional ausenta-se da plataforma Bloomberg, Kwanza começa a dar sinais de depreciação

Data:

O problema surge quando subitamente o Tesouro deixa de intervir e não informa ao mercado quando serão as próximas vendas, o que acaba por contribuir para um ciclo de depreciação ou especulação da moeda nacional.

As principais preocupações continuam a ser a elevada exposição do mercado cambial ao sector petrolífero e a inexistência de outros produtos cambiais.

O Ministério das Finanças, através do Tesouro Nacional, ausentou-se nos últimos tempos da plataforma Bloomberg FXGO, sem justificar os motivos. Os bancos, sobretudo os de pequena dimensão e as casas de câmbios já começam a sentir essa ausência, que se traduziu em escassez de moeda estrangeira, o que já está a ter impacto sobre a taxa de câmbio.

As divisas para os bancos comerciais vêm de quatro canais diferentes, por esta importância, Tesouro Nacional, petrolíferas, diamantíferas e o Banco Nacional de Angola (BNA), este último de forma pontual. Ainda assim, alguns bancos relatam problemas no acesso às divisas que precisam. As seguradoras também podem participar, mas apenas duas estão habilitadas, isto porque concluíram o processo junto do banco central, a ENSA e a Nossa Seguros.

Num documento divulgado em Novembro do ano passado, o Tesouro tornou público que os leilões para as operações de venda de moeda estrangeira passariam a ser realizados exclusivamente às terças e quartas-feiras. O que não acontece há mais de um mês. No mês de Dezembro e início de Janeiro, o Tesouro teve que vender mais moeda estrangeira porque precisava de liquidez para pagar as suas despesas, o que equilibrou o mercado.

Após as eleições gerais, o Kwanza inverteu a tendência de apreciação, depois de ter recuperado 29% face ao dólar e 47% face ao euro desde o início de 2022 até 24 de Agosto. Em Outubro e Novembro o kwanza depreciou-se, mas desde Dezembro do ano passado que a taxa de câmbio tem estado a negociar em torno dos 504 a 507, e por esse motivo hoje fala- -se de equilíbrio no mercado cambial.

Até esta quinta-feira, uma nota de 1 USD custava 507 Kz, ao passo que o Euro vale 559 kz. No mercado paralelo (nas kinguilas) o câmbio está para 560 Kz para o dólar e 600 Kz para o euro.

O Expansão contactou o Tesouro Nacional para explicar a sua ausência na plataforma Bloomberg, bem como o BNA enquanto regulador, mas não obteve sucesso até o fecho desta edição. O Expansão também contactou algumas instituições bancárias, mas apenas o Finibanco respondeu.

Conforme o explica fonte da Sala de Mercados do Finibanco, à semelhança de outros bancos de menor dimensão, tendencialmente, têm maior dependência das vendas do Tesouro Nacional e do excedente colocado no mercado pelo mercado cambial interbancário. “Por exemplo, há cerca de cinco semanas que o Tesouro não efectua vendas de divisas no mercado cambial, deixando um elevado volume de procura não atendida e que também não é captada pelo BNA. O Finibanco tem de tentar encontrar alternativas, muitas vezes mais onerosas, para a aquisição de moeda, visando a satisfação das necessidades dos seus clientes e, muitas vezes, acaba por fazer uso de parte da sua posição cambial”, explica o banco.

Acredita-se que as vendas de divisas são efectuadas mediante as necessidades de realização de pagamentos em moeda nacional. Segundo o Finibanco, o Tesouro, contrariamente há alguns meses, já vem informando ao mercado (com base num documento público) quais os dias em que são realizados os leilões para venda de moeda estrangeira, com impacto positivo na gestão e planeamento financeiro dos bancos. No entanto, o problema surge quando subitamente deixa de haver vendas e, igualmente, não se informa o mercado sobre a previsão de quando voltarão a ocorrer, o que acaba por contribuir para um ciclo de depreciação ou especulação sobre a moeda nacional.

A Sala de Mercado do Finibanco entende que o BNA, enquanto regulador, devia intervir, uma vez que, nos últimos dias, verificaram-se transações com tendências especulativas e que já revelam a dificuldade sentida na aquisição de moeda estrangeira.

“A moeda nacional, ainda que timidamente, já sofre depreciação quase diária e o volume de procura por divisas manifestada pelos bancos comerciais é crescente. A tudo isto junta-se o facto de os importadores começarem a enfrentar fortes constrangimentos com as mercadorias, que já se encontram a aguardar desalfandegamento, e do lado dos bancos idem, com as liquidações de cartas de crédito e cobranças documentárias, importações ao abrigo do Aviso 10, responsabilidades com cartões VISA, salários, expatriados, entre outros”, aponta o Finibanco.

Pese embora se entenda que existam objectivos de cumprimento relacionados com as Reservas Internacionais do País, o Finibanco acredita que mediante o cenário actual o BNA deveria adoptar uma postura mais interventiva junto do mercado cambial, no sentido de estancar a elevada procura que se faz sentir.

Equilíbrio real ou aparente?

O economista e docente Mateus Maquiadi, diz que não se sabe se realmente a taxa de câmbio atingiu um real equilíbrio ou se apenas se trata de um equilíbrio aparente, contudo, caso o equilíbrio seja uma farsa, mais cedo ou mais tarde o gap entre o câmbio paralelo e o formal vai aumentar.

Expansão

Partilhar o conteúdo:

Inscreva-se AGORA

spot_imgspot_img

Vale a pena ler de novo!

Conteúdos de
ACTUALIDADE

Os 10 maiores bancos de África em 2024

O Standard Bank Group da África do Sul tem...

Conheça AGORA os 10 principais países africanos com maior investimento estrangeiro directo

Os países não podem crescer isoladamente; eles precisam de...

Conheça AGORA os maiores doadores das campanhas de Harris e Trump

Na política presidencial dos EUA, as campanhas de Harry...

Pesquisas Trump vs. Harris 2024: a liderança de Harris atinge recorde de 6 pontos na última pesquisa

A vice-presidente Kamala Harris lidera o ex-presidente Donald Trump...