Doze conservadores rebelaram-se contra a líder do partido e votaram a favor de uma emenda ao projeto-lei do Brexit apresentado pelo governo, que dita que os deputados britânicos devem ter a palavra final sobre o acordo de saída que seja alcançado com os Estados-membros.
Theresa May participa esta quinta e sexta-feira numa cimeira da União Europeia em Bruxelas para tentar avançar com as negociações da relação pós-Brexit, mas parte para a capital belga com um peso acrescido — e inesperado.
Ontem, um grupo de membros do seu Partido Conservador alinhou-se com a oposição na Câmara dos Comuns para chumbar uma proposta de lei do governo sobre o Brexit. Graças aos votos contra de 12 conservadores, o parlamento britânico adotou um mecanismo legal que obriga o Executivo de May a sujeitar a escrutínio e aprovação parlamentar o acordo de saída da UE que venha a ser alcançado com os Estados-membros.
No rescaldo dessa votação, a primeira-ministra despediu um dos conservadores rebeldes, Stephen Hammond, até agora vice-secretário-geral do partido no poder.
A derrota nos Comuns deveu-se a quatro votos de diferença, com 309 deputados a votarem a favor de se emendar a Lei de Retirada da UE e 305 a votarem contra essa alteração.
A menos que o governo venha a reverter esta decisão mais para a frente, o que a emenda significa é que os deputados terão a palavra final sobre o acordo alcançado com Bruxelas antes de este ser ratificado para concretizar a saída do Reino Unido da UE até março de 2019, como estipulado pelo tratado-base que prevê este momento até agora inédito.
Com a especulação sobre a fragilidade de May a aumentar, um Partido Conservador às avessas e alguns ministros britânicos a garantirem que o chumbo se tratou meramente de um “pequeno revés” que não vai alterar a data de saída, a primeira-ministra chega hoje ao coração da UE para tentar fechar o acordo de Brexite começar a negociar a futura relação comercial de Londres com o bloco assim que a saída for concretizada.
Contactado para reações à votação de quarta-feira, o governo de May declarou em comunicado: “Estamos desapontados que o parlamento tenha votado a favor desta emenda apesar das fortes garantias que demos [aos deputados]. Sublinhamos como sempre sublinhámos que esta Lei [de Retirada da UE] e os poderes que ela prevê são essenciais.
Esta emenda não nos impede de preparar o nosso regulamento para o dia da saída. Vamos agora avaliar se são necessárias mais alterações à Lei para garantir que cumpre o seu propósito vital.”