Uma em cada cinco pessoas passa fome em África mais do dobro da média global, sendo a região mais afectada por esse problema no mundo, segundo o mais recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
As conclusões constam na edição de 2023 do relatório “Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, publicado hoje em conjunto por cinco agências especializadas das Nações Unidas, que apontou que a fome aumentou em todas as sub-regiões de África em 2022.
No ano passado, registou-se um aumento de 2,4 milhões de pessoas que passaram a enfrentar insegurança alimentar severa no Norte de África em comparação com 2021, mais 4,8 milhões na África Central, 1,1 milhões a mais na África Austral e 3,6 milhões a mais na África Ocidental.
De acordo com o relatório, os níveis de insegurança alimentar em todas as regiões do mundo ainda estão muito acima dos níveis pré-pandemia de covid-19.
De um total de 2,4 mil milhões de pessoas no mundo que enfrentaram insegurança alimentar em 2022, quase metade (1,1 mil milhões) estava na Ásia – continente mais populoso do mundo-; 37% (868 milhões) estavam em África; 10,5% (248 milhões) na América Latina e na Caraíbas; e cerca de 4% (90 milhões) estavam na América do Norte e na Europa.
O custo de uma dieta saudável foi também analisado neste relatório, que verificou um aumento global de 4,3% em comparação com 2020 e 6,7% em comparação com os níveis pré-pandemia, em 2019. Esse aumento deve-se ao aumento global da inflação em 2020 e 2021, impulsionado em parte pelos efeitos persistentes da pandemia.
Em todo o mundo em 2021, o custo médio de uma dieta saudável foi de 3,66 dólares (3,32 euros) por pessoa por dia.
Em África, na Ásia e na América Latina e Caraíbas, o custo de uma alimentação saudável aumentou mais de 05% de 2020 para 2021, afectando negativamente todas as sub-regiões, excepto o norte de África, onde o custo caiu 2,8%.
Esse aumento teve maior impacto nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.
Mais de 3,1 mil milhões de pessoas no mundo ou 42% não podiam pagar por uma alimentação saudável em 2021, representando um aumento de 134 milhões de pessoas em relação a 2019, antes da pandemia.
Enquanto a Ásia teve o maior número de pessoas que não podiam pagar uma dieta saudável (1,9 mil milhões) em 2021, África registou a maior proporção da população incapaz de pagar (78%) em comparação com a Ásia (44%), América Latina e Caraíbas (23%), Oceânia (3%) e América do Norte e Europa (1%).
No continente africano, a população incapaz de pagar uma dieta saudável está concentrada na África Oriental e Ocidental (85%).
Em todo o mundo, a insegurança alimentar afecta desproporcionalmente mulheres e pessoas que vivem em áreas rurais. A insegurança alimentar moderada ou severa afectou 33,3% dos adultos que vivem em áreas rurais em 2022, em comparação com 28,8% nas áreas periurbanas e 26,0% nas áreas urbanas.
De acordo com as cinco agências da ONU que elaboraram o relatório, quase 600 milhões de pessoas ainda passarão fome em 2030.
ANGOP