O Presidente da República, João Lourenço, transmitiu ao Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a sua indignação pelo facto de migrantes africanos estarem a ser vendidos como escravos na Líbia.
A posição foi manifestada ontem, em Abidjan, durante o encontro que o Chefe de Estado angolano manteve com o Secretário-geral da ONU, à margem da cimeira União Africana – União Europeia. A cimeira decorre na capital económica da Costa do Marfim.
A informação foi avançada no final do encontro pelo Ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto. Segundo o chefe da diplomacia angolana, trata-se de uma situação desagradável, cujos responsáveis devem ser punidos.
De acordo com Manuel Augusto, o Secretário-geral das Nações Unidas sublinhou o relevante papel de Angola em prol da manutenção da paz e estabilidade na África Austral e na região dos Grandes Lagos.
A reunião com o diplomata português que dirige a ONU foi um dos pontos altos da preenchida agenda do Presidente da República, antes da abertura da cimeira, no início da tarde.
Crise de refugiados ensombra as relações
A crise dos refugiados africanos que, diariamente, cruzam várias fronteiras para se aventurarem no Mediterrâneo em busca de segurança na Europa é um dos assuntos que ensombra as relações entre Europa e África.
Embora não se traduza num ponto específico da agenda, acordada previamente, os observadores estimam que a recente denúncia da escravização de jovens africanos na Líbia seja um ponto incontornável das discussões temáticas. Estas incluem os itens sobre a democracia, direitos humanos, a migração e a mobilidade.
Paz, segurança, o reforço das oportunidades económicas para os jovens e cooperação em matéria de governação constituem igualmente temas prioritários da cimeira.
Em distintos círculos a Cimeira UA-UE é vista como momento decisivo para o reforço dos laços políticos e económicos das regiões que depois de terem mudado o estatuto de colonizador e colonizados tentam buscar fórmulas para uma cooperação realmente vantajosa nos dois sentidos.
JA