O lendário investidor norte-americano Warren Buffett, conhecido como o “Oráculo de Omaha”, anunciou neste sábado que irá deixar o cargo de CEO da Berkshire Hathaway no final deste ano, após mais de seis décadas de liderança à frente de um dos maiores conglomerados financeiros do mundo.
“Chegou a hora de passar o bastão”, declarou Buffett, de 94 anos, durante a 60.ª reunião anual de accionistas, perante uma plateia que irrompeu em aplausos.
Greg Abel será o novo líder da Berkshire
Buffett indicou que irá propor oficialmente ao Conselho de Administração o nome de Greg Abel, actual vice-presidente das operações não seguradoras do grupo, como o novo CEO da Berkshire Hathaway.
A decisão, feita sem aviso prévio aos restantes directores, será discutida num encontro reservado com o conselho já este domingo. Apenas dois dos membros — ambos filhos de Buffett — sabiam da decisão antes do anúncio público.
“Continuarei presente para ajudar quando necessário, mas Greg assumirá totalmente a liderança operacional”, afirmou Buffett.
Um legado de sucesso absoluto
Buffett despede-se do cargo no auge da performance da empresa. As acções classe A da Berkshire bateram um novo recorde, fechando a 809.808,50 USD na última sexta-feira — uma valorização de 20% no acumulado de 2025, num ano em que o índice S&P 500 caiu 3%.
A Berkshire gere actualmente quase 200 empresas, incluindo a seguradora Geico, uma rede ferroviária nacional, participações no sector da energia, indústrias aeroespaciais, alimentação e retalho. O negócio original — têxtil — foi encerrado em 1985.
Buffett continuará como accionista principal
Apesar da saída da liderança executiva, Buffett tranquilizou os investidores:
“Não tenho intenção — nenhuma — de vender uma única acção da Berkshire Hathaway. Pretendo transferi-las de forma progressiva.”
O bilionário, com uma fortuna estimada em 168 mil milhões USD, segundo a Forbes, continua a receber apenas 100.000 USD anuais de salário, valor simbólico que mantém há mais de quatro décadas.
Fim de uma era: depois de Munger, Buffett prepara transição
A morte de Charlie Munger, seu sócio e conselheiro de longa data, em 2023, acelerou as expectativas sobre a sucessão. Agora, com o anúncio oficial, o mercado e os accionistas iniciam uma nova fase na história da Berkshire Hathaway, sem os dois nomes que a moldaram durante mais de meio século.
“A Berkshire representa o melhor do capitalismo e da visão de longo prazo”, disse Christopher Rossbach, da J Stern & Co, emocionado ao sair do evento.