A posição revelada, ontem dia 08, pelo PR angolano João Lourenço relativamente ao caso Manuel Vicente continua a ter repercussões profundas. Pondo dois estados num frenético braço de ferro.
O Presidente angolano considera que as relações entre Portugal e Angola vão depender do desfecho do caso Manuel Vicente e avisa que “a bola está do lado de Portugal”.
Reagindo à posição de JLO, o analista português da SIC Notícias Miguel Sousa Tavares disse que se fosse governante não cederia as incidências de Angola.
“A história mostra quando se cede a esse tipo de chantagem saímos sempre a perder,” disse Sousa Tavares.
O analista disse mesmo que João Lourenço, que insiste que Portugal deve aceitar o pedido, pode estar desinformado. “Acho que João Lourenço está mal informado”.
“Infelizmente o Presidente João Lourenço não quer entender ou não está em situação de poder entender politicamente. E infelizmente faz depender disso a retoma das boas relações de Portugal com Angola”.
Miguel Sousa Tavares, antigo jornalista da SIC, fez saber que não há registo de Portugal ter negado o envio do processo para Angola porque não confiava na justiça angolana.
Prossegue o analista, “o que nós dissemos sempre é que o governo (português) não manda na justiça em Portugal”.
QUEM OFENDEU QUEM?
Durante a sua abordagem recordou que três coisas caracterizam um país democrático, a independência dos tribunais, a liberdade de imprensa e o comportamento da autoridade perante os cidadãos.
“São três coisas que são difíceis de entender quando um país é autoritário e não é democrático. Como ainda é o caso de Angola,” remata Sousa Tavares.
Quanto a ofensa dita por JLO, Sousa Tavares disse que foi João Lourenço quem ofendeu Portugal. “Viu-se na tomada de posse do Presidente João Lourenço, na presença de Marcelo Rebelo de Sousa, onde por omissão, Portugal foi ofendido. Falou todos os amigos de Angola e nós não estávamos na lista.”
PARECER DA PGR PORTUGUESA DEVE SER PUBLICADA
Ainda sobre o caso Manuel Vicente, Sousa Tavares disse que era importante que as autoridades portuguesas tornassem público o parecer da PGR portuguesa.
“Porque ao torna-lo público, os portugueses e os angolanos poderiam conhecer as razões de direito que obstam a vontade de Angola,” disse o analista.
Para quem o principio é que se o crime for cometido em Angola, é este país que deve julgar.
“Agora há aqui um crime cometido em Portugal ou pelo menos há suspeitas muitos fortes, que vai para julgamento no dia 22 de Janeiro”.
“E como sabemos os magistrados não mandam um dos seus para julgamento se não tiverem fortes indícios disso. E têm, em relação ao procurador Orlando Vicente.”
Há grande suspeita de que o Procurador português fora corrompido por Manuel Vicente para abafar um outro processo que tinha em Portugal.
“E isso é crime de corrupção. É um crime grave. Isso foi cometido aqui (Portugal) não tem que ser julgado em Angola,” disse o analista.
SIC