Empresa gestora da rede Multicaixa prepara-se para introduzir novas medidas de segurança para melhorar o sistema no qual operam anualmente quase 7 milhões de utentes de cartões Multicaixa em Angola.
Mas os clientes e utilizadores das novas plataformas queixam-se da insegurança, das falsas promessas e do assédio constante nas redes sociais.
“Em geral, os incidentes estão ligados à baixa literacia digital das pessoas”, explica Duano Silva, administrador executivo da EMIS.
“É um problema do País, parece assente que os angolanos usam o que há de melhor em termos de tecnologia mas tiram pouco partido das suas valências, limitando-se à utilização mínima.”
“É preciso notar que a literacia digital não é o mesmo que a instrução académica das pessoas. Muitas das burlas ocorrem sobre pessoas com alta instrução académica, que não cumprem a mais básica recomendação de segurança – não partilhar códigos e PIN”s”, sublinha o gestor.
Para além da literacia digital, também a baixa literacia financeira dos angolanos em geral abre a porta a roubos e fraudes no sistema de pagamentos.
Por isso, a instrução digital e financeira é importante para aumentar a segurança dos utilizadores.
“Nós temos a responsabilidade de tornar os canais e os instrumentos mais seguros”, assegura Duano Silva.
Enquanto o dinheiro físico (moedas e notas) é cada vez menos utilizado, os cartões de débito e crédito, bem como as diferentes aplicações baseadas em tecnologia (como o Multicaixa Express, dinheiro móvel ou os serviços de banca digital), têm uma utilização cada vez mais alargada.
A crescente digitalização da economia nacional e internacional está a promover uma mudança acelerada no sistema de pagamentos.
Em Angola, como noutros países, esta transformação tem promovido inovações importantes que facilitam a vida das empresas e das famílias.
O lado obscuro desta realidade está associado às burlas e crimes que são praticados diariamente.
Segundo a EMIS, até Abril de 2022 foram registas 1.005 denúncias, o que dá uma média de 251 por mês, um valor superior à média de 179 queixas mensais recebidas no ano passado.
O número de queixas registadas em 2022 já representa 47% do total de denúncias em 2021.
No entanto, estas representam apenas uma pequena parte de uma realidade que ainda está por estudar.
De acordo com a gestora do sistema de pagamentos (que inclui serviços como Multicaixa e Multicaixa Express, por exemplo), a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), em 2021 foi registado um total de 2.147 queixas. Nos primeiros quatro meses do ano, a mesma entidade já recebeu 1.005 reclamações.
Mesmo assim, tendo em conta que estavam em circulação, até Abril, mais de 6,7 milhões de cartões Multicaixa, o número de fraudes registadas representa uma incidência de apenas 0,0005%.
O número de reclamações regista ainda um forte aumento ao nível do subsistema Multicaixa Express, que disparou de apenas 14 reclamações oficiais, em 2020, para 447 no ano passado.
Até Abril de 2022, a EMIS já recebeu 62 reclamações específicas sobre este serviço.
CD/Expansão