Envio de observadores europeus às eleições gerais em Angola tem levado à movimentação de rostos na oposição à manobras “diplomáticas”.
A Embaixadora da União Europeia refere, em exclusivo ao NJ, que a UE está a dialogar com o Executivo sobre o modelo de observação eleitoral a adoptar. Observadores europeus nao foram, entretanto, convidados nos pleitos de 2012 e 2017.
A observação eleitoral é um tema que promete ocupar espaço nas mais acesas discusções sobre a realização das eleições gerais deste ano. Já foi assim nos últimos dois pleitos, entre o Executivo suportado pelo MPLA , bloco composto por partidos politicos da oposição e parte significativa da sociedade civil a estarem em margens opostas quanto à composição dos observadores eleitorais.
Da parte da União Europeia (UE), instituição regional que viu a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) vetar-lhe o convite para a partecipação dos seus observadores nos pleitos de 2012 e 2017, há uma forte disposição em acompanhar o escrutínio que se avizinha.
Jannette Seppen (foto), embaixadora da UE no país, afirma, em declarações exclusivas ao Novo Jornal, que o orgão que representa tem descutido com as autoridades angolanas “ a melhor maneira” de efectivar esta ´fiscalização´eleitoral.
“As missões de observação eleitoral são um dos elementos importantes para a UE, que a União Europeia pode oferecer ao país onde há eleições. Ainda estamos a dialogar com o Governo de Angola. Já houve encontro, mas ainda não chegamos ao fim desta conversa , deste diálogo”, realça a chefe da delagação da União Eiuropeia no país.
À margem do encontro que juntou, na manhã de quarta-feira, 26 de Janeiro, em Luanda, representantes dos Estados-Membros da comunidade reginal e o ministro angolano das Relações Exteriores (MIREX), Jannette Seppen esclarece que, no contexto global, as eleições fazem parte integral da estratégia dos direitos humanos da UE.
Para o caso de Angola, a embaixadora da UE observou que, este ano, o país vai passar por um “ momento muito importante”, com a realização das eleições gerais previstas para Agosto.
Uma parceria que se fortalece todos os dias
Jannette Seppen não tem dúvidas de que as relações entre a UE e o Governo angolano sao saudáveis. Passando em revista, o Estado da cooperação, a embaixadora da organização regional europeia descreve-a de muito vasta.
“ A questão das eleições, claro, não surgiu neste encontro de hoje, porque este foi um encontro sobre as questões que têm mais a ver com a região e com as questões globais”, observou.
A diplomata recordou o Acordo Caminho Conjunto que liga, desde 2012, a organização que representa e o Executivo angolano, e que centra o seu objectivo de interação num quadro de diálogo e cooperação baseado em interesses comuns e valores partilhados.
“(…) Mas a parceria já data de antes e continua. A certeza é de que a parceria está a fortalecer-se todos os dias e em todos os momentos” disse a holandesa que lidera, desde Outubro de 2020, a delegação da UE em Angola.
Falando à margem do encontro que tratou da paz e segurança nas zonas regionais africanas de que Angola faz parte, Jannette Seppen destacou o papel do país na conjuntura politica continental.
“As temáticas que tratamos hoje são muito importantes, são todas questões ligadas à paz e Segurança, em todos os sentidos, quer seja o desenvolvimento politico na região, o papel importantíssimo (de Angola) no palco regional, a questão de segurança marítima, onde trabalhamos juntos, questões globais, como o ambiente. São temáticas muito importantes e que constam como partes muito fortes da nossa parceria (com Angola)”, informou a embaixada da organização regional com sede na capital da Bélgica.
E concluiu, deixando uma recomendação: “ Reforçar que a parceria entre Angola e a Uniao Europeia cada dia é mais forte”.
NJ