O Banco Keve, instituição financeira de direito angolano de capitais privados, concluiu o seu processo de restruturação em 2022, duplicando o volume de activos para 611 mil milhões de kwanzas (cerca de 1,2 mil milhões USD), face a 2021, período em que estavam avaliados em 331 mil milhões de kwanzas (587,6 milhões USD).
O director de auditoria interna da instituição, Filipe Duarte, avançou que com esta duplicação do nível de activos e recursos “houve uma melhoria clara da rentabilidade e dos lucros”, passando de um resultado negativo de 20 mil milhões de kwanzas (53,5 milhões USD) para 26.5 mil milhões de kwanzas (52,6 milhões USD), entre 2021 e 2022, “fruto do processo da restruturação, entrada de novos órgãos sociais e novo posicionamento de negócio, principalmente”.
Essencialmente, diz Filipe Duarte, a instituição conseguiu sanear o seu balanço, “fazendo um trabalho naquilo que era a sua carteira de crédito, identificando os clientes que tinham mais risco e que não tinham cobertura 100% das imparidades”, o que permitiu melhorar a posição do activo.
“Como sabe, todos esses créditos que se encontram numa situação menos boa a nível da rentabilidade, para o banco não acontecem porque o sistema e as regras contabilistas definem que todo o proveito, a partir de uma determinada altura de incumprimento, este benefício tem que ser retirado dos proveitos do banco. Com todo este processo de saneamento foi possível melhorar esta situação”, explicou.
Durante a entrevista, realizada na sede do Banco Keve, Filipe Duarte referiu que a estratégia e o novo posicionamento de negócio do banco possibilitaram a instituição estar mais próximo de determinados sectores e parceiros estratégicos, que culminaram com uma maior capitação de recursos.
“Tendo maior captação de recurso, o banco tem mais liquidez para fazer investimentos e estes investimentos foram feitos, essencialmente, a nível dos títulos de dívida pública e, consequentemente, melhoramos a nossa rentabilidade. Houve também necessidade de se fazer um saneamento no que diz respeito aos custos de estrutura para maior eficiência”, detalhou.
Por outro lado, falando das consequências do processo de restruturação, que começou em 2021, o director de auditoria interna do Keve revelou que houve uma redução significativa de unidades de negócios de 60 para 26, provocando também a redução de trabalhadores de 650 para 320 entre Setembro de 2021 e Dezembro de 2022, o que implicou a contratação de pessoas com outras qualificações e direccionadas para o novo posicionamento do banco.
Entretanto, ressaltou o responsável, o primeiro processo de capitalização, iniciado em Setembro de 2021, com a entrada dos novos accionista e órgãos sociais, obrigou também ao aumento do capital para cerca 10 mil milhões de kwanzas, que serviu para reforçar os fundos próprios, o que permitiu a instituição voltar a sua actividade e ter liquidez para participar no mercado cambial.
“Quanto a proveniência do capital, o banco usou as ferramentas existentes no mercado para ir se capitalizando e fazer negócio. Posicionamo-nos de uma forma diferente para determinados clientes e parceiros que, por sua vez, trouxeram liquidez para o banco. Com essa liquidez, o banco teve a folga para fazer os investimentos necessários”, indicou Filipe Duarte.
Forbes África Lusófona