Muitos estrangeiros no município do Soyo, província do Zaire, têm obtido bilhete de identidade angolano de forma fraudulenta, através de uma rede constituída por cidadãos angolanos, que se dedica ao trespasse de assentos de nascimento e cédulas.
Esta denúncia foi revelada ao Jornal de Angola pelo chefe local do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), superintendente Lourenço Cabral.
“Temos apreendido documentos angolanos falsos em posse de imigrantes ilegais provenientes da República Democrática do Congo (RDC)”, disse, para acrescentar que existe uma rede de angolanos por trás desta trapaça.
“Está a aumentar o número de casos de estrangeiros ilegais no Soyo que utiliza documentos angolanos, de forma fraudulenta, para obter o bilhete de identidade angolano”, afirmou o superintendente Lourenço Cabral.
Segundo Lourenço Cabral, quando a instituição que dirige detecta casos do género, detém imediatamente o estrangeiro e conduz o cidadão angolano ao Ministério Público para as medidas cabíveis.
“Brevemente vamos passar a divulgar estes casos através dos órgãos de difusão massiva para tentarmos inibir este tipo de crime”, adiantou.
O chefe do SME no Soyo disse que foi detectado onze imigrantes ilegais com bilhetes de identidade autêntico. “Interpelámos onze estrangeiros que nos apresentaram bilhetes angolanos verdadeiros, mas eles denotavam claramente que não são angolanos, porque sequer falavam português e nem conheciam o município.
“Neste caso concreto, fazemos a nossa parte e o tratamento de outros detalhes deixamos a cargo do Serviço de Investigação Criminal”, avançou.
“Estamos diante de um problema cuja solução também passa por sensibilizar as pessoas envolvidas. Portanto, devemos, além das medidas coercivas, sensibilizar os habitantes do Soyo para não facilitarem os estrangeiros a obterem documentos de forma ilícita”, acrescentou.
Combate à imigração ilegal
O Serviço de Migração e Estrangeiros está a sensibilizar os gestores de micro e pequenas empresas no Soyo, concretamente, de panificadoras, restaurantes, fábricas de blocos, entre outras, para estes não albergarem imigrantes ilegais.
“Numa primeira fase, estamos a fazer um trabalho pedagógico junto de gestores destas empresas, já tomámos conhecimento de que estão a albergar imigrantes ilegais.
Depois disso, os que não acatarem os nossos conselhos, estarão sujeitos à força da lei. Ou seja seremos intolerantes”, esclareceu, para adiantar que, “algumas empresas no Soyo empregam estrangeiros ilegais por serem mão-de-obra barata, mas provocam com isso uma série de embaraços para o país”.
O oficial superior do Serviço de Migração e Estrangeiros informou ainda que os estrangeiros ilegais trabalham preferencialmente em serviços de táxi, panificadoras, fábricas de blocos e em descarga e carregamento de mercadoria dos camiões.
JA