A produção de próteses no Centro Ortopédico de Viana está suspenso desde Março deste ano. A falta de matéria-prima está na base da suspensão que já leva quase nove meses.
Esse centro ortopédico é a maior infra-estrutura pública do género no país e a paralisação desse serviço tem causado sérios constrangimentos na vida de muitos cidadãos que dependem deste importante acessório para levar uma vida normal.
As vítimas de acidente, amputação ou de outras lesões físicas que recorriam ao Centro Ortopédico à busca de tratamento ou para a aplicação de próteses são agora obrigadas a retornarem à casa porque a instituição deixou de produzir o material.
“Fui amputado em Janeiro do ano passado. Tenho vindo constantemente ao Centro e a resposta que encontro é sempre negativa. Desde Março que estou neste vai-e-vem, depois da minha recuperação. Não posso continuar a depender de muletas, preciso de próteses para seguir a minha vida normal. E aqui nunca tem. É frustrante”, desabafou o paciente Moura como se pode ler no jornal o País.
A carência interna de próteses leva muitos a recorrer ao exterior. Mas estes são os que possuem alguns recursos. Aos que não têm recursos resta-lhes viver a frustração de conviver com a limitação física a que estão remetidos.
“Não podemos continuar assim. É um castigo. Queremos que o Estado faça alguma coisa para as próteses serem novamente produzidas aqui”, atestou outra paciente.
Posicionamento oficial
O director da instituição, Paulo Jorge, realçou que tem consciência dos constrangimentos que a falta de próteses tem provocado, porém, assume que se trata de um assunto que ultrapassa as suas competências, apontando a culpa para a falta de matéria-prima.
Paulo Jorge disse que os materiais usados para a produção de próteses chegam ao centro por via de fornecedores. Estes por sua vez têm enfrentado sérias dificuldades para aquisição do material importado por causa dificuldade na obtenção de divisas.
O director do Centro Ortopédico garantiu que o interregno de nove meses na produção de próteses vai cessar. O Centro pretende retomar as actividades de produção a partir de Dezembro próximo.
Já decorrem as negociações com a fábrica de gessos do Cuanza-Sul para aquisição de matéria-prima. As ligaduras serão compradas no mercado de Luanda por via de alguns fornecedores que possuem o material.
Segundo o Paulo Jorge com estes dois produtos a instituição estará preparada para dar início à produção com normalidade, mas com uma redução da sua produção.
“Gostaríamos de produzir mais. Infelizmente, a quantidade de matéria-prima já reservada vai permitir fabricar apenas esse número de próteses. De qualquer forma, estamos confiantes em que a situação vai melhorar nos próximos tempos e poderemos então alargar a nossa linha de produção, beneficiando assim mais pessoas”, augurou.
Nunca encerramos
Apesar de o centro ficar todo este tempo sem produzir próteses, Paulo Jorge frisou que a sua instituição nunca paralisou os serviços. As áreas de reabilitação, fisioterapia, serviços de reparação de próteses e ortose mantiveram-se sempre funcionais, atendendo com normalidade os pacientes que para lá se dirigem. Prova disso, o responsável revelou que, só na área de fisioterapia, o hospital atende uma média de 100 pessoas acometidas por diversos tipos de lesões e provenientes de vários cantos do país, com destaque para Malanje, cuanzas Norte e Sul, Benguela e Huambo.
O País