O primeiro país africano que vai produzir as vacinas no continente é a África do Sul, tal como ficou decidido na Cimeira França-África sobre financiamento às economias do continente, que contou com a participação do Presidente João Lourenço.
Vera Daves esclareceu que a materialização dessa pretensão depende de uma autoavaliação das infraestruturas, de pessoal e da capacidade do país em receber tecnologia e o conhecimento para tornar isso possível.
“Não depende apenas da disponibilidade dos actuais produtores para transferir a propriedade intelectual, mas, também, da capacidade dos que se predispõem em acolher essa intenção de produzir vacinas de forma sustentável”, frisou.
O assunto, disse a ministra das Finanças, ainda está por cima da mesa, para ser avaliado.
O fornecimento de vacinas aos países africanos, como uma das formas de cortar a cadeia de transmissão da doença, foi um dos temas mais aflorados na Cimeira França-África, na qual foi recomendada a mobilização de financiamento para a produção de vacinas contra a Covid-19 no continente.
O anfitrião do evento, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a transferência “imediata” de tecnologia e capacidade intelectual para África, de modo a produzirem-se vacinas. Ao discursar na abertura da Cimeira, o estadista francês lamentou o facto de África ser, neste momento, o continente com menos vacinas.
O fornecimento de vacinas aos países africanos, sobretudo àqueles sem grandes capacidades financeiras, é um assunto que tem merecido a atenção do Presidente João Lourenço, que chegou a apelar aos países mais desenvolvidos, com capacidade industrial de produção de vacinas, a prestarem uma atenção especial ao assunto.
O último apelo sobre esta questão fê-lo recentemente em Luanda, depois de receber a primeira dose da vacina russa Sputnik V. “Ou nos salvamos todos, ricos e pobres, poderosos e não poderosos, ou ninguém se vai salvar”, alertou, na ocasião. João Lourenço lembrou que a pandemia atingiu todo o planeta e, em função disso, a resposta à doença deve ser, também, a nível planetário.
A ministra das Finanças revelou que, na Cimeira, Angola mostrou estar aberta para cooperar, ser parceiro do desenvolvimento, receber conhecimentos, tecnologia para, em conjunto com os países que queiram trabalhar juntos, fazer do mundo um lugar melhor e mais equilibrado, no que diz respeito ao acesso às vacinas, liquidez e bem-estar social.
Sociedade de Suez
Em relação ao encontro com a Sociedade Francesa de Suez, cujo líder já tinha sido recebido antes, naquela cidade, pelo Presidente da República, Vera Daves esclareceu que serviu para a partilha da visão de Angola acerca do caminho que se quer seguir para o alcance do desenvolvimento económico do país.
“Fomos o mais transparentes possíveis, a fim de levar os empresários franceses, alguns já com experiência no relacionamento com o país, a perceberem o modelo de desenvolvimento que estamos a seguir, que é o de incentivo à participação do sector privado na economia”, realçou.
Chamada de atenção
A ministra assegurou que os empresários acolheram muito bem as informações, mas chamaram a atenção para a necessidade da criação de condições viáveis aos investimentos que vierem a fazer, tal como electricidade e água. “Demos-lhes razão, na medida em que se tratam de investimentos que o Estado deve fazer”, realçou.
Vera Daves referiu que o encontro serviu, igualmente, para partilhar informações sobre o programa de privatização de empresas em curso no país, muitas das quais já para este ano. Sobre esta questão, salientou que os empresários mostraram bastante interesse. “Fizeram muitas perguntas sobre a Sonangol e Unitel”, destacou.
A Sociedade Francesa de Suez já trabalha em alguns projectos no país, sendo o mais sonante, neste momento, um denominado BITA, que visa aumentar a capacidade de distribuição e fornecimento de água na capital do país.
O grupo está interessado em apoiar a EPAL na gestão das perdas de água, para evitar o máximo de desperdício e, deste modo, permitir que mais famílias no país possam beneficiar de água.
JA