No dia em que o vice-presidente eleito do Brasil, Geraldo Alckmin, iniciou contactos com o vice-presidente Hamilton Mourão para a transição governamental, Lula da Silva confirmou a presença na COP27, em Sharm el-Sheikh, Egipto, a primeira em solo africano e iniciou o processo de reaproximação a África.
A eleição de Lula da Silva nas presidenciais de 30 de Outubro, representa o fim do isolamento do Brasil e o reatar da relação com África, impulsionada nos dois mandatos do presidente reeleito, que teve como parceiros privilegiados os países de língua portuguesa, no quadro da CPLP e a África do Sul.
No seu discurso de vitória, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), que encabeçou uma “frente ampla” para impedir a reeleição de Jair Bolsonaro (o único Presidente brasileiro que só cumpriu um mandato), sinalizou o fim do tempo em que o Brasil assumiu o “triste papel de pária do mundo” e anunciou o regresso do Brasil que falava de “igual para igual com os países mais ricos e poderosos” e que “contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres”.
Lula prometeu também restaurar o apoio ao “desenvolvimento dos países africanos, por meio da cooperação, investimento e transferência de tecnologia”, invertendo a queda nas relações comerciais com África. “Não é segredo que as relações afro-brasileiras sofreram uma queda drástica durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Ponte entre tecido económico do Brasil e África
Longe ia o tempo em que “grandes empresas brasileiras faziam a ponte entre o tecido económico brasileiro e África”, como a Odebrecht (a mais atingida pelo escândalo da Lava Jato), Camargo Corrêa, Vale e a Petrobras, como recordam os cinco investigadores, no artigo publicado no Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (OPEB).
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Brasil ilustram o esvaziamento das relações comerciais com África durante o mandato de Bolsonaro. As vendas de produtos brasileiros a países africanos recuaram 7% em 2019 face a 2018, para 7,5 mil milhões USD.
Nos dois governos de Lula, as trocas comerciais com África mais do que triplicaram, passando de 2,4 mil milhões USD em 2003 para quase 8 mil milhões USD em 2010, referem os professores de Relações Internacionais Paulo Fagundes Visentini e Analúcia Danilevicz Pereira.
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