Cerca de quatro mil funcionários da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) podem paralisar as actividades a partir desta segunda-feira, para contestar os baixos salários que auferem actualmente.
De acordo com o secretário nacional do Sindicato dos Trabalhadores da instituição Abel Lique-Lique, é inadmissível que os trabalhadores da ENDE continuem a auferir salários incapazes de satisfazer as necessidades mais prementes de suas famílias, quando a empresa produz biliões de kwanzas mensalmente.
Abel Lique-Lique, referiu que a causa principal da grave que inicia amanhã é o baixo salário, uma vez que pedido o aumento, nunca tiveram sido atendidos”. Para avançar que “a proposta está na mesa e faz parte do acordo apresentado, sinta-se mal quem quiser”, desabafou.
O sindicalista, avançou ainda que os trabalhadores têm tido prelecções diárias e, embora não tenha revelado, conhecem bem o valor das cobranças em todas as províncias, despesas e os investimentos.
“A ENDE é uma empresa que produz riqueza para Angola” Afirmou.
Por outro lado, Abel Lique-Lique referiu que, antes da ideia da paralisação das actividades, no sábado antepassado, os sindicalistas reuniram-se no Cine 1º de Maio, em Luanda, para pressionar a direcção da ENDE a recuar nas suas posições e descartar-se a greve, mas até agora nada mudou.
Por exemplo, o sindicalista salientou que, no caderno reivindicativo um dos assuntos constantes e mal resolvido, após a homologação do Decreto Presidencial nº 256/11, de 29 de Setembro de 2012, tem a ver com um conjunto de projectos que o Ministério da Energia e Águas tem desenvolvido para responder os desafios dos sectores.
Quanto ao caso do Programa de Transformação do Sector Eléctrico (PTSE), onde os planos adquiridos da antiga ENE para a ex EDEL não foram repostos, explicou que isto prejudicou de grande maneira os trabalhadores do ponto de vista de acções sociais, principalmente na saúde”, contou.
O sindicalista Abel Lique-Lique rematou que “essas mudanças, em 2014, com o PTSE, que culminou com a criação da Rede Nacional de Transporte (RNT), das empresas de Distribuição de Electricidade (ENDE) e da Pública de Produção de Electricidade (PRODEL), prejudicou-nos muito”.
O DESVIO DO POTENCIAL ESTRATÉGICO DA ENDE
Recorde-se que em Agosto de 2015, a ENDE foi autorizada pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos a comprar 40% da Winterfell Industries, sociedade liderada por Isabel dos Santos e que controla a Efacec Power Solutions.
A autorização de José Eduardo dos Santos constava de um despacho de 18 de Agosto de 2015, e justificava a compra, pela ENDE com a “necessidade da realização de investimentos estratégicos com vista a reforçar a capacidade operacional do sector empresarial público angolano” na área energética.
E no seguimento do que o então Presidente chamou de “investimentos estratégicos com vista a reforçar a capacidade operacional do sector empresarial público angolano na área energética”, eis que Isabel dos Santos passa a ser dona de, por enquanto, apenas 40% da ENDE.
Recorde-se que a princesa Isabel, na altura considerada a mulher mais rica de África, através da sociedade Winterfell, à época tinha anunciado a compra de 65% da Efacec Power Soluntions, que agrupa as actividades centrais do grupo Efacec, com o objectivo de reforçar financeiramente a empresa portuguesa.
Em comunicado emitido na ocasião, aquela sociedade já se apresentava como “maioritariamente detida por Isabel dos Santos” e também “participada pela ENDE”, tendo justificado a compra da Efacec Power Soluntions igualmente “como forma de relançar a sua estratégia de internacionalização através de uma orientação para áreas e geografias em que detém capacidades competitivas superiores”.
RNA/CD