A previsão de crescimento para Angola em 2023, apresentada, teça-feira, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), foi reduzida de uma projecção de 3,5 por cento, em Abril, para 1,3, enquanto que para a Nigéria foi diminuída de 3,2 para 2,9 por cento.
O FMI apresentou, ontem, o relatório das Perspectivas Económicas Mundiais nas reuniões anuais conjuntas com o Banco Mundial, em Marraquexe (Marrocos), um documento em que alertou para que a recuperação global da pandemia e da operação militar especial da Rússia na Ucrânia continua lenta e desigual e prevê que o crescimento económico mundial desacelere este ano para 3,00 por cento.
Nas previsões para a economia da África Subsaariana o relatório projecta um crescimento da economia sul-africana de 0,9 por cento este ano, e uma aceleração de 5,00 por cento da economia queniana, acima dos 4,8 de 2022, apesar do Governo deste último país ter cortado o orçamento num contexto de custos crescentes da dívida. A Tanzânia e o Senegal também deverão registar um maior crescimento este ano.
No cômputo da região subsaariana, o crescimento económico abranda pelo segundo ano consecutivo em 2023, antes de se recuperar em 2024, prevendo-se que caia para 3,3 por cento este ano, face aos 4,00 por cento do ano passado, antes de recuperar para 4,00 em 2024, afirmou o FMI no relatório das Perspectivas Económicas Mundiais.
A inflação anual em toda a região, onde a insatisfação com o custo de vida sobe de tom em países como o Ghana e o Quénia, deve ser de 16,2 por cento no final deste ano, antes de cair para 10,5 no final do próximo ano.
Desaceleração global
Na actualização das projecções económicas mundiais, o FMI prevê que o crescimento global desacelere de 3,5 por cento em 2022 para 3,00 em 2023 e 2,9 em 2024, abaixo da média histórica (2000-19) de 3,8 por cento, com a previsão para 2024 a cair 0,1 ponto percentual (pp.) face ao relatório de Julho.
“Apesar da resiliência económica no início deste ano, com uma recuperação na reabertura e progressos na redução da inflação desde os picos do ano passado, é demasiado cedo para sentir conforto”, refere a instituição.
O FMI destaca que a actividade económica ainda está aquém da trajectória pré-pandémica, particularmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, e há divergências cada vez maiores entre as regiões.
“Várias forças estão a travar a recuperação. Algumas reflectem as consequências a longo prazo da pandemia, da guerra e da crescente fragmentação geoeconómica”, aponta.
Outras, assinala, “são de natureza mais cíclica, incluindo os efeitos do aperto da política monetária necessário para reduzir a inflação, a retirada do apoio orçamental num contexto de dívida elevada e ocorrências climáticas extremas”.
Segundo o FMI, as previsões para o crescimento global a médio prazo, de 3,1 por cento, são as mais baixas das últimas décadas, e “as perspectivas de os países alcançarem padrões de vida mais elevados são fracas”.
Entre as economias avançadas (para as quais prevê um crescimento de 1,5 por cento este ano e 1,4 em 2024), prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA de 2,1 por cento em 2023 e 1,5 em 2024, uma revisão em alta de 0,3 pp. e 0,5 pp. face a Julho.
O FMI vê a economia da Zona Euro a crescer 0,7 por cento este ano e 1,2 em 2024, uma revisão em baixa de 0,2 pp. e 0,3 pp., respectivamente, face a Julho.
Entre as economias emergentes, aponta para um avanço de 5,00 por cento em 2023 e 4,2 em 2024 da economia chinesa.
No entanto, o FMI destaca que os riscos para as perspectivas estão mais equilibrados do que há seis meses, devido à resolução das tensões sobre o limite máximo da dívida dos EUA e ao facto de as autoridades suíças e norte-americanas terem agido “de forma decisiva” para conter a turbulência financeira.
JA