O FMI consideraque o sistema bancário global está resiliente, mas “continua a existir um rasto considerável de bancos frágeis”. Recomenda um alargamento dos testes de stress.
No segundo trimestre, na ressaca dos episódios que levaram ao colapso de bancos regionais nos EUA e do Credit Suisse, existiam 85 bancos que ultrapassavam os limites de risco em pelo menos três daqueles critérios. Um número que deverá permanecer estável até ao final do ano. Para o trimestre em que agora entrámos, o FMI estima que 82 instituições, com 25 biliões em ativos, estejam numa situação de vulnerabilidade. O nome dos bancos não é revelado.
Embora o stress agudo no sistema bancário global observado em março passado tenha diminuído, uma análise mais aprofundada revela que continua a existir um rasto considerável de bancos frágeis.
“Muitos bancos continuam na lista de monitorização para o resto do ano, com os analistas da indústria a preverem que as pressões sobre os resultados e a liquidez vão persistir, como resultado da incerteza económica e de taxas de juro elevadas por mais tempo”, assinala o relatório. Daqueles 82 bancos, há 25 que apresentam um risco elevado em quatro ou mais dimensões. Juntas têm nove biliões de dólares em ativos. Foram avaliadas 375 instituições em 43 países.
“Embora o stress agudo no sistema bancário global observado em março passado tenha diminuído, uma análise mais aprofundada revela que continua a existir um rasto considerável de bancos frágeis”, refere o FMI. Ainda assim, o teste de stress global do FMI conclui que “o sistema bancário global continua amplamente resiliente”.
Dado o seu modelo de negócio, os bancos são imediatamente afetados pelo ambiente de taxas de juro elevadas. Por um lado, as taxas elevadas podem melhorar a margem financeira, sobretudo nos que podem repassar os juros mais elevados para os clientes, ao mesmo tempo que conseguem manter os seus custos de financiamento elevados, nomeadamente através dos depósitos.
Por outro, os períodos prolongados de taxas elevadas estão normalmente associados a perdas no crédito, já que os clientes enfrentam encargos mais elevados e um enquadramento económico menos favorável. O FMI sublinha ainda as elevadas perdas que podem ocorrer nas obrigações detidas pelos bancos, sobretudo se forem forçados a vendê-las para fazer face a necessidades de liquidez, como aconteceu com o malogrado First Republic, nos EUA.
Mais de dois anos depois de ter iniciado o atual ciclo de subida das taxas, a maioria dos bancos continua a apresentar resultados sólidos, um capital robusto, ampla liquidez e provisões adequadas para fazer face a perdas.
“Mais de dois anos depois de ter iniciado o atual ciclo de subida das taxas, a maioria dos bancos continua a apresentar resultados sólidos, um capital robusto, ampla liquidez e provisões adequadas para fazer face a perdas”, refere o relatório.
Ainda assim, deixa uma série de recomendações para evitar males maiores. Uma delas é alargar o universo de bancos sujeitos a testes de stress, incluindo instituições de menor dimensão, e adotar metodologias que cruzem diferentes critérios de avaliação.
FMI alerta para risco de crédito de empresas e famílias
O relatório apela também a “uma supervisão bancária atempada, intrusiva e conclusiva”, assente “na salvaguarda da independência operacional dos supervisores”.
Há também recados para os supervisores. “Na ausência de facilidades de liquidez do banco central, as interações entre a solvência e a liquidez desencadeadas por choques adversos poderão causar dificuldades a um número considerável de bancos”, alerta o FMI. Recomenda, por isso, que os bancos estejam melhor apetrechados para usar ativos elegíveis como colateral e uma melhor comunicação das autoridades sobre a disponibilização daquelas facilidades, de forma a prevenir o risco sistémico.
LUSA