A morte de um menor, 33 feridos, dos quais 16 polícias e 17 civis, 18 detidos, furtos e vandalização de bens públicos, marcaram esta terça-feira o funeral do kudurista Gelson Caio Mendes.
Milhares de pessoas estiveram presentes na zona do cemitério de Santa Ana, o que levou a polícia a intervir com gás lacrimogéneo. Os tumultos no funeral do músico kudurista culminaram com “desmaios” e “sangue espalhado pelo chão”.
A polícia dispersou com gás lacrimogéneo um tumúlto nas imediações do cemitério de Santa Ana, onde foi sepultado esta terça-feira o músico kudurista ‘Nagrelha’. As cerimónias fúnebres do músico que morreu na sexta-feira, atraíram uma multidão de milhares de angolanos no que será o maior funeral de sempre em Luanda.
“A população decidiu arrombar o cordão que a polícia havia posto ali e assim começou a confusão, marcada por pessoas desmaiadas” e “sangue espalhado pelo chão”.Os feridos estão a ser assistidos pelos bombeiros. Quanto ao menor que perdeu a vida, foi pesoteado pela polulação, que passava por cima do mesmo com intuíto de ver o corpo de perto.
Weza Mendes, viúva do músico Nagrelha, foi uma das pessoas que teve de ser levada por uma ambulância após ter passado mal durante o enterro do marido.
O reforço da polícia foi insuficiente e a multidão fechou a estrada. Quando começou a passar o corpo, ali é que houve a maior confusão, tanto que o carro fúnebre teve que acelerar para se livrar da multidão, porque queriam abraçar a caixa
“Nunca se realizou algo igual, é muita gente, nunca vimos algo assim”, afirmam vários colegas equiparando o funeral do músico kudurista ‘Nagrelha’ ao de Agostinho Neto.
Esta manhã havia ainda centenas de pessoas no Estádio da Cidadela, onde decorreram as homenagens e de onde saiu um cortejo a pé, em candongueiros e com milhares de motoqueiros em direção ao cemitério de Santa Ana.
A grande concentração de pessoas levou a polícia a intervir, ouvindo-se disparos, já que apesar de estarem mobilizados 800 agentes, a polícia teve dificuldade em controlar os grandes aglomerados. O lançamento do gás lacrimogéneo provocou uma debandada e desmaios, com várias pessoas caídas no chão.
Ao longo do cortejo, ouviam-se jovens a chorarem e a gritarem “filho de Zedu”, uma referência ao ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Muitos empunhavam vários cartazes e houve quem gritasse “‘Nagrelha’ Presidente, João Lourenço chefe de Estado”.
Gelson Caio Manuel Mendes, mais conhecido como ‘Nagrelha’, o mais célebre cantor do estilo musical kuduro, morreu aos 36 anos em Luanda devido a um cancro no pulmão, segundo o Complexo Hospitalar de Doenças Cardiovasculares D. Alexandre do Nascimento, onde se encontrava internado.
Por motivos de segurança, o cemitério está encerrado e exclusivamente reservado ao funeral de ‘Nagrelha’.
O artista com a maior legião de fãs em Angola é dos um dos fundadores do grupo “Os Lambas”. Nagrelha conquistou o público nos anos de 2000, com a sua forma peculiar como cantava e fazia vibrar o público.
Zimbo/CD