A Human Rights Watch (HRW) divulgou hoje um relatório sobre a explosão ocorrida em outubro no hospital Al Ahli, na Faixa de Gaza, onde sugere que foi causada por um foguete habitualmente utilizado por grupos armados palestinianos.
Esta organização não-governamental (ONG) sublinhou, no entanto, que as suas conclusões sobre o incidente de 17 de outubro, que causou dezenas de mortos, ainda não são definitivas.
“É necessária uma investigação mais aprofundada para determinar quem lançou o alegado foguete e se as leis da guerra foram violadas”, pode ler-se no relatório, citado pela agência Efe.
A HRW detalha que reviu fotografias e vídeos, analisou imagens de satélite, entrevistou cinco testemunhas do incidente e as suas consequências, reviu análises publicadas por outras organizações e consultou especialistas para este relatório.
Também avaliou a explosão e os danos no local, bem como diversas trajetórias possíveis de objetos visíveis em vídeos que mostram antes e depois da explosão.
Segundo o relatório, as provas de que a HRW dispõe tornam “muito improvável” a possibilidade de uma grande bomba ser lançada do ar, como as amplamente utilizadas por Israel em Gaza, e recorda que o Exército israelita lançou milhares deste tipo de bombas desde 07 de outubro.
A HRW reconheceu que nenhuma imagem de restos de munições foi tornada pública e que os seus investigadores não puderam visitar o local – as entradas para Gaza são estritamente controladas por Israel – pelo que não foi capaz de identificar de forma conclusiva o tipo de munições utilizadas.
A ONG enfatizou, no entanto, que o som que precedeu a explosão, a bola de fogo que a acompanhou, o tamanho da cratera que causou, o rasto que deixou e o tipo e padrão de fragmentação ao redor da cratera “são todos consistentes com o impacto de um foguete”.
Após a explosão, os palestinianos acusaram Israel da responsabilidade, que negou e alegou que o incidente foi causado por um lançamento fracassado de foguete pelo grupo Jihad Islâmica Palestiniana contra Israel.
A HRW lembrou que enviou várias perguntas sobre a explosão a Bassam Naim, chefe do departamento político e de negócios estrangeiros do Hamas, que garantiu: “A informação preliminar que temos aponta definitivamente para a responsabilidade de Israel”.
Naim também indicou que as autoridades israelitas alertaram as autoridades do hospital para a evacuação horas antes da explosão e afirmou: “nenhuma fação da resistência palestiniana – que tenhamos conhecimento – tem entre suas armas um projétil ou um foguete” com o poder de matar um grande número de pessoas.
A análise da HRW deduz que um grande foguete disparado por grupos armados palestinianos é capaz de causar um grande número de vítimas se parte do seu propulsor atingir um pátio cheio de pessoas e materiais inflamáveis.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o ataque causou 471 mortes, entre doentes e pessoas refugiadas no centro de saúde.
No entanto, a HRW salientou que não foi capaz de corroborar esse número, que considera “significativamente superior” a outras estimativas, e destaca que esta é uma proporção “extraordinariamente elevada” de mortes e feridos e “parece desproporcional” aos danos visíveis.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, na sequência de um ataque do grupo islâmico, que incluiu o lançamento de mais de 4.000 foguetes e a infiltração de perto de 3.000 militantes, que mataram cerca de 1.200 pessoas e raptaram mais de 240 em comunidades israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram no enclave palestino, onde mais de 15 mil pessoas já morreram, segundo as autoridades da Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas, a maioria delas crianças e mulheres, e estima-se que mais de sete mil pessoas estejam desaparecidas sob os escombros.
ANGOP