As infra-estruturas logísticas figuram entre os pilares de desenvolvimento da indústria transformadora. As suas precariedades encarecem os custos de produção e afectam a competitividade.
É indubitável o papel da indústria transformadora para o desenvolvimento económico de qualquer país, defendem especialistas. Transformar matérias-primas em produtos acabados ou intermédios gera valor acrescentado para a economia nacional, como emprego, maior oferta de bens e serviços, abranda o custo de vida, contribui para as finanças públicas, entre outros inúmeros ganhos.
Por essa razão, defendem maior aposta no sector transformador, essencialmente na cadeia produtiva, potenciando os fornecedores deste sector e, mais importante, criando infra-estruturas de apoio Às indústrias.
Angola possui um potencial hídrico capaz de suportar a industrialização de diversos países em simultâneo, aponta o engenheiro industrial Alves Benttecour. Contudo, este recurso só será um capital se for transformado em prol da industrialização.
“Estamos a falar de um país com recurso a uma fonte limpa de energia, a água, e de fácil acesso. Há avanços na transformação da água em energia, e até somos auto-suficientes, mas pecamos na distribuição. Temos uma taxa de electrificação abaixo de 50% e de distribuição de água ainda menor. Quem sofre com isso é a indústria”, realça.
Em concordância, o engenheiro metalúrgico Luís Silva realça a necessidade de se analisar friamente que a indústria possui equipamentos de última geração sensíveis à qualidade de energia. E que os microcortes e estabilidade de fases danificam equipamentos, interrompem trabalhos e causam enormes prejuízos.
Para fazer face ao fornecimento ineficiente da energia, o especialista avança que as indústrias em Angola se vêem obrigadas a possuir geradores (que muitas vezes apenas garantem a parte de segurança e não o funcionamento regular da empresa) com sistemas inteligentes de gestão da fonte de energia e troca automática entre rede e outras fontes como a solar.
Quanto ao abastecimento da água, Luís Silva vai mais ao longe e lamenta a gravidade da situação, pois a EPAL não garante o fornecimento em quantidade suficiente para muitas das indústrias (na Zona Económica Especial Luanda – Bengo (ZEE), SONEFE e partes importantes do Pólo Industrial de Viana (PIV), onde a dependência das cisternas é uma prática recorrente).
“Para além de não garantir o fornecimento nas áreas onde existem condutas, noutras áreas, como, por exemplo, no PIV, são as próprias empresas a financiar a execução dos ramais”, remata.
No Bengo (Barra do Dande), continua, as empresas dependem só de si, sendo obrigadas a fazer captação (no rio), transporte, tratamento, armazenamento e recirculação da água de que necessitam.
Questionado sobre os gastos das indústrias com o abastecimento de água, o especialista avança que depende, no caso da Siderurgia Barra do Dande, são 43.000 m3/hora (recirculação), a Fábrica de massa alimentar (1 máquina com capacidade de produção de 6 tons/hora) é de 150 m3/dia, a Galvanização gasta 20 m3/dia.
E & M